Que o etanol é um combustível menos poluente ao ambiente, uma vez que o gás carbônico emitido na sua queima é reabsorvido no crescimento da cana-de-açúcar, todo mundo já sabe. Mas um estudo calculou agora também quanto a troca de gasolina por etanol pode ser um bom negócio para a saúde – ou como a preferência pelo combustível fóssil pode ser prejudicial.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo, da Universidade Northwestern (EUA) e da Universidade Nacional de Cingapura observaram um aumento de 30% na concentração de partículas ultrafinas, de menos de 50 nanômetros de diâmetro (1 nanômetro = 1 bilionésimo de metro) em São Paulo quando altos preços do etanol levaram dois milhões de motoristas a substituir o combustível por gasolina.
Por outro lado, os pesquisadores observaram que, quando os preços do etanol voltaram a cair, a concentração das nanopartículas também diminuiu na atmosfera.
Medidas por esse tipo de partícula não costumam ser feitas por agências ambientais, que em geral observam gases, como monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio, ou material particulado, já bem conhecidos pelos seus malefícios à saúde. Nanopartículas, porém, justamente por seu diminuto tamanho, podem ser bastante prejudiciais.
“De todos os poluentes na atmosfera, como ozônio, CO, NOx, SO2, as partículas são as que têm efeito mais danoso à saúde. As nanopartículas são partículas extremamente pequenas (somente 10 a 50 nanômetros), e se comportam como gases, pois têm acesso direto aos alvéolos pulmonares. Por isso, quando respiramos essas partículas elas têm forte efeito na saúde, pois adentram na parte mais interna do pulmão, o que não ocorre com as partículas maiores”, explicou ao Estado o físico Paulo Artaxo, da USP, um dos autores do trabalho publicado nesta segunda-feira na revista Nature Communications.
“Qualquer metal pesado que estas partículas contenham, chegam a ter contato direto com o sangue através dos alvéolos pulmonares”, continua.
De acordo com o pesquisador, qualquer processo de combustão gera nanopartículas, mas em diferentes quantidades e composição. “Descobrimos que o etanol queimado emite 30% menos nanopartículas que a queima de gasolina, em condições reais da atmosfera de São Paulo. Isso faz com a queima de etanol seja bem menos danosa à saúde que a queima da mesma quantidade de gasolina”, diz.
Os motoristas decidem por gasolina ou etanol levando em conta somente o preço. Mas esse impacto à saúde talvez também devesse ser considerado, sugerem os autores, liderados pelo economista brasileiro Alberto Salvo, pesquisador da Universidade Nacional de Cingapura. Para a equipe, os resultados também apontam para a necessidade de os órgão ambientais passarem a medir as nanopartículas.
O trabalho usou modelos estatísticos de econometria, levando em conta tráfego, comportamento do consumidor, tamanho de partícula e dados meteorológicos de janeiro a maio de 2011, período que particularmente teve uma grande variação de preços do etanol na bomba.
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