Chifres flamejantes, bolas de fogo, promesseiras, mascarados e outras criativas alegorias compõem um cenário de cores e diversidades que vão das línguas nativas à inventividade artesanal de paraguaios e brasileiros. Este é o sugestivo cenário que ilustra a programação do Festival de Rua do Toro Candil de Porto Murtinho, cidade histórica distante 430 km de Campo Grande.
Em sua terceira edição, o evento será realizado nos dias 7 e 8 de dezembro pela prefeitura murtinhense, sempre com a produção da Água Comunicação TV e a direção executiva de Mara Silvestre, com verba de emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet. O sucesso das duas primeiras edições - uma em 2015 e outra em 2018 - instalou para a próxima uma grande expectativa, em especial para o comércio local, devido ao fluxo de turistas.
Para entender ou imaginar a dimensão do acontecimento, é necessário ir às raízes civilizatórias da América e as inflluências externas, sobretudo a européia. O Toro Candil é inspirado nas touradas espanholas, que chegou à América do Sul e se estabeleceu com elementos peculiares incorporados às realidades e vocações locais.
No Paraguai e na fronteira com o Brasil, região murtinhense, fixou-se como manifestação cultural oposta ao cruel conteúdo das touradas, uma "festa" que tinha seu clímax quando a arena se banhava de sangue, do touro ou do toureiro.
Os hermanos latinoamericanos construíram uma festa cultural única, preparada pelas comunidades e adornadas por atividades focadas na diversão, no protagonismo artesanal, na celebração religiosa e na afirmação das identidades e dos laços afetivos entre os povos.
Cultura popular
O Festival de Rua do Toro Candil, como seu nome indica, é uma festa popular quase toda ao ar livre. A maior parte da programação se desenvolve nas vias públicas da cidade, no Cine Teatro Ney Machado Mesquita e no teatro de Arena Astério da Conceição. E há também uma sugestiva travessia do Rio Paraguai, de barco, entre Porto Murtinho e a Ilha Margarita, no lado paraguaio.
Nas ruas, o Toro Candil, com seus chifres incendiários, e as Pelo Tatá (bolas de fogo) desafiam os mascaritas (mascarados), que tentam apanhá-las. No capítulo devocional, as promeseras cultuam a Virgem de Caacupê, padroeira oficial dos paraguaios e cultuada intensamente pelos católicos murtinhenses. Em toda a programação, cultos religiosos, palestras, oficinas circenses e shows musicais completam o arco de atrações do evento.
Esmero
Mara Silvestre, diretora executiva da Água Comunicação TV e idealizadora do Festival de Rua do Toro Candil, destaca a abrangência da proposta que a inspirou:
"Não há como falar ou escrever sobre identidade da América Latina sem realçar sua riqueza cultural, sem reconhecer o DNA de povos de países do continente que têm, em comum, a resistência criativa e a capacidade de enfrentar e viver desafios sociais e econômicos fazendo e promovendo sua arte, seus costumes, suas coisas".
Com este olhar apurado, Mara Silvestre produziu o Festival de Rua do Toro Candil, parte de uma trilogia que inclui outros dois audiovisuais, "Las Promeseras" e "Os Mascaritas e Pelota Tatá"e "Toro Candil". O evento deste ano é financiado por uma emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet (PT/MS).
Os shows agendados serão dos artistas convidados Geraldo Espíndola e Marcelo Loureiro e dos talentos locais Tony & Alberto Kchak e Irwing Ferreira.
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