terça, 07 de maio de 2024
TORO CANDIL

DIVERSIDADE CULTURAL É CHAMARIZ TURÍSTICO NA FRONTEIRA BRASIL-PARAGUAI

16 NOV 2023 - 15h53Por EDSON MORAES

Chifres flamejantes, bolas de fogo, promesseiras, mascarados e outras criativas alegorias compõem um cenário de cores e diversidades que vão das línguas nativas à inventividade artesanal de paraguaios e brasileiros. Este é o sugestivo cenário que ilustra a programação do Festival de Rua do Toro Candil de Porto Murtinho, cidade histórica distante 430 km de Campo Grande.

Em sua terceira edição, o evento será realizado nos dias 7 e 8 de dezembro pela prefeitura murtinhense, sempre com a produção da Água Comunicação TV e a direção executiva de Mara Silvestre, com verba de emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet. O sucesso das duas primeiras edições - uma em 2015 e outra em 2018 - instalou para a próxima uma grande expectativa, em especial para o comércio local, devido ao fluxo de turistas.

 

Para entender ou imaginar a dimensão do acontecimento, é necessário ir às raízes civilizatórias da América e as inflluências externas, sobretudo a européia. O Toro Candil é inspirado nas touradas espanholas, que chegou à América do Sul e se estabeleceu com elementos peculiares incorporados às realidades e vocações locais. 

No Paraguai e na fronteira com o Brasil, região murtinhense, fixou-se como manifestação cultural oposta ao cruel conteúdo das touradas, uma "festa" que tinha seu clímax quando a arena se banhava de sangue, do touro ou do toureiro. 

Os hermanos latinoamericanos construíram uma festa cultural única, preparada pelas comunidades e adornadas por atividades focadas na diversão, no protagonismo artesanal, na celebração religiosa e na afirmação das identidades e dos laços afetivos entre os povos.

 

Cultura popular

O Festival de Rua do Toro Candil, como seu nome indica, é uma festa popular quase toda ao ar livre. A maior parte da programação se desenvolve nas vias públicas da cidade, no Cine Teatro Ney Machado Mesquita e no teatro de Arena Astério da Conceição. E há também uma sugestiva travessia do Rio Paraguai, de barco, entre Porto Murtinho e a Ilha Margarita, no lado paraguaio.   

Nas ruas, o Toro Candil, com seus chifres incendiários, e as Pelo Tatá (bolas de fogo) desafiam os mascaritas (mascarados), que tentam apanhá-las. No capítulo devocional, as promeseras cultuam a Virgem de Caacupê, padroeira oficial dos paraguaios e cultuada intensamente pelos católicos murtinhenses. Em toda a programação, cultos religiosos, palestras, oficinas circenses e shows musicais completam o arco de atrações do evento.

Esmero

Mara Silvestre, diretora executiva da Água Comunicação TV e idealizadora do Festival de Rua do Toro Candil, destaca a abrangência da proposta que a inspirou: 

 

"Não há como falar ou escrever sobre identidade da América Latina sem realçar sua riqueza cultural, sem reconhecer o DNA de povos de países do continente que têm, em comum, a resistência criativa e a capacidade de enfrentar e viver desafios sociais e econômicos fazendo e promovendo sua arte, seus costumes, suas coisas".
    
Com este olhar apurado, Mara Silvestre produziu o Festival de Rua do Toro Candil, parte de uma trilogia que inclui outros dois audiovisuais, "Las Promeseras" e "Os Mascaritas e Pelota Tatá"e "Toro Candil". O evento deste ano é financiado por uma emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet (PT/MS).

Os shows agendados serão dos artistas convidados Geraldo Espíndola e Marcelo Loureiro e dos talentos locais Tony & Alberto Kchak e Irwing Ferreira.

Leia Também

Relatos de viagem

A decoada, o armau e história de pescador no Pantanal do Nabileque

Mais Relatos de Viagem

Megafone

É impossível prever. O clima mudou tanto que os modelos climáticos programados para fazer previsões há dez anos já perderam muito dessa capacidade

Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP

Vídeos

As 10 cidades mais ricas em espécies de aves

Mais Vídeos

Eco Debate

RICARDO HIDA

Tudo que não é relevante, deixa de existir

ARMANDO ARRUDA LACERDA

O Jardim do Guia Lopes, laranjal da fronteira

NELSON ARAÚJO FILHO

Uma história de areias