quarta, 11 de dezembro de 2024

Roçado e capina podem salvar animais

03 NOV 2023 - 13h14Por ARMANDO ARRUDA LACERDA

Recentemente, divulgamos que as passarelas da vida da BR-262 em seu trecho de Pantanal, haviam se transformado em corredor da morte, por conta da proliferação da invasora exótica Leucaena leucocephala (cabeça branca em grego, descrevendo suas flores brancas), conhecida comumente por Leucena.

Espécime introduzida no Nordeste do Brasil como mágica árvore fonte de proteínas, por conservar-se verde diante do clima desértico em algumas regiões de sua origem na América Central e México, sentiram-se em casa ao chegarem por aqui.

Cedo, todos perceberam que, em outras regiões com abundância de chuva, ela obtinha crescimento exponencial, sendo usada no Rio de Janeiro como árvore mágica para reflorestar áreas montanhosas, então reféns de velhas gramíneas exóticas degradadas. 

Não perdeu a Leucena suas características originais de sobrevivente na luta pela vida em climas desérticos, ela emite, pelo fenômeno da Alelopatia uma espécie de herbicida pelas folhas, flores e raízes e extingue vegetais de espécies diferentes que estiverem por perto, dominando rapidamente seu entorno.

Cedo, descobriram também que, quando utilizam seu potencial de proteínas em alimentação animal, não se pode ultrapassar certo percentual quantitativo, pelo alto conteúdo de mimosina, uma proteína que causa distúrbios endócrinos nos animais que a consomem in natura, causando bócio, alopecia severa com perda de pelos, rabos e crinas, chegando a morte rápida caso continuem a receber o "mágico" alimento.

Ela espalhou-se pelo Brasil, com suas sementes levadas por caminhões e carros das margens das rodovias tronco, criando na nossa BR 262, um verdadeiro túnel verde em dossel.

Segundo nosso Mestre em pantaneirices botânicas Arnildo Pott: "- Vimos vagens e sementes a dezenas de metros da BR-262 que só não cresceram porque a cheia voltou...Pode tornar-se uma árvore alta e de tronco de mais de 0,5 de diâmetro, como na beira do Rio Piracicaba e do Lago de Itaipu."

E mesmo neste trecho pantaneiro da BR 262, onde a família de tuiuiús ao aceitar a ajuda de humanos inteligentes, comprovaram que a natureza, também nos trechos onde a faixa de domínio foi limpada mecanicamente, celebraram lindamente a vida, com a diminuição dos óbitos de animais atropelados.

Não se deve descuidar que a partir de um metro as Leucenas passam a produzir abundantes e viáveis sementeiras, se desejarem prolongar estas benéficas interações, urge o capinamento manual, com as brotações ou plântulas emergentes sendo cortadas abaixo da superfície do terreno.

Um passeio por Campo Grande também nos revela a realidade do seu altíssimo grau de infestação, com a Leucena sufocando espécies nativas com suas emanações, e muitos terrenos onde já dominaram completamente, como numa quadra inteira da Avenida Mato Grosso antes da rotatória e sua mortal eficiência na colonização das belas reservas das marginais da Avenida Nelly Martins.

Talvez a energia e recursos empregados pelo Institutos ambientais nesta cruel campanha de pesque e mate o tucunaré, com população biologicamente já estabilizada e sempre fora do leito dos rios do Pantanal, fosse melhor empregada em controlar esta invasora quase invencível, que se disfarça de espécies nativas, invadindo e exalando substâncias químicas de efeitos ainda não totalmente pesquisados, em áreas tão densamente povoadas.

O Pantanal nunca impõe, só expõe, nos cumprindo relembrar que ainda há tempo de tais Institutos estatais mudarem para esta urgente prioridade de combate a invasores exóticos, esperançosos que tenha havido tempo para que todos os animais possam ter desenvolvido resistência em metabolizar e decompor a fatídica proteína da mimosina, que ignoram completamente terem sido tão expostos.

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