A pecuária está no Pantanal há três séculos. Durante esse período, o pantaneiro aprendeu a conviver com a Natureza como poucos humanos conseguiram em todo o planeta Terra, apesar de explorá-la economicamente. Digo que aprendemos a trabalhar com o varejo e deixamos o atacado para o sempre errático planejamento da Natureza.
Reconhecer a sua imprevisibilidade é o ponto fulcral desta harmoniosa coexistência. Essa sintonia que tem permitido a nossa sobrevivência, como cidadãos cônscios das responsabilidades que carregamos e ciosos do mérito que nos cabe na conservação desta joia brasileira, nos autoriza, por justo e racional, a não acatar em todos os seus termos a retórica, muitas das vezes enganosa, bem como a visão pseudo científica com as quais pretendem dar significado e importância a atitudes simplistas e desprovidas de bases sólidas e de conhecimento das nossas realidades, como são as inúmeras afirmações e iniciativas que povoam o universo das mídias sociais, tais como:
Premissas perturbadoras como afirmar que o aquecimento global é, simplesmente, consequência das atividades humanas é induzir ao próximo raciocínio, este condenatório da luta humana pela sobrevivência. Como consequência disso, as economias que sustentam a alimentação da humanidade estariam, como se diz no jargão do Novo Normal, condenadas por politicamente incorretas? Será que este é o ponto onde querem chegar?
Outra afirmação que já foi abraçada pelos "cientistas" midiáticos é que o Pantanal teria perdido trinta por cento de suas águas. Esta percepção não tem fundamento científico e quiçá empírico. Certo seria dizer que o Pantanal, devido as prolongadas estiagens, se encontra, no momento, com menos trinta por cento de suas águas para esta época do ano. Outro raciocínio também indutor de uma falsa realidade. O propósito seria criar uma expectativa de desastre, envolvendo os possíveis culpados de sempre, assim como sua atividade? Desconhecem, esses senhores, que já vivemos épocas de longas secas, nas quais o Pantanal teve reduzidas as suas águas de maneira a tê-las apenas em alguns de seus rios e, assim mesmo, com vazão mínima. Bastaria conversar com algum pantaneiro para ter essa informação. Entretanto, após esse período vivenciamos quarenta anos de abundância hídrica. Teríamos "perdido" as nossas águas?
Talvez haja recursos abundantes para esses arautos do apocalipse pantaneiro. Talvez creiam na profeta do Caeté e busquem a saída da pecuária como caminho para salvar o Pantanal, talvez sejam uma praga passageira que, em certa medida, tem devorado verdades e deixado um imenso vazio de verdadeiro conhecimento para a humanidade.
(*) Pecuarista pantaneiro
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