domingo, 05 de maio de 2024

A agenda da sustentabilidade é civilizatória e o mercado editorial está engajado nessa missão

06 NOV 2023 - 20h31Por LUCIANO MONTEIRO

A agenda da sustentabilidade é uma demanda global. Contra as ameaças climáticas e econômicas impostas por um modelo produtivo predatório, a coexistência harmônica da humanidade com a capacidade do planeta de nos oferecer recursos naturais é uma exigência civilizatória. Empresas e organizações ligadas à cultura e à educação não podem se eximir da responsabilidade de, não só promover esse debate, mas também trazer as boas práticas socioambientais para dentro de casa.

O mercado editorial é um setor de especial complexidade. Encontramos diferentes realidades entre as empresas, que vão desde pequenos núcleos produtivos locais a multinacionais com operações pulverizadas pelo mundo e grande estrutura. Mas, apesar dessa diferenciação estrutural, a preocupação com as melhores práticas ambientais nos une na missão de fomentar um mundo melhor por meio da educação e da cultura.

Algumas organizações estão mais amadurecidas, com a publicação periódica de relatórios de prestação de contas sobre suas atividades ESG, e outras que apenas começaram a organizar suas iniciativas melhor contemplar a agenda da sustentabilidade, iniciativas que ultrapassam a também bem-vinda popularização de obras que exploram as muitas dimensões da proteção ambiental.

Educação e cultura são instrumentos de transversalidade de compromissos globais como a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. É sobre esses dois pilares que vamos construir mais formação, conscientização e mobilização sobre o que realmente ocorre no mundo e os desafios que temos pela frente. Vejo, com alegria, que editoras, livrarias, plataformas educacionais e empresas provedoras de soluções educativas tem se apropriado dessa discussão, dentro das suas múltiplas características, e buscado abordar os diferentes níveis do tema de forma cada vez mais atenciosa. Graças a essa conscientização, temos um amplo uso de papel com certificação e avanços na implantação de medidas mitigadoras do consumo de plástico e energia.

Outro tema muito caro à nossa atividade é a preocupação social. A cada dia, aumenta o número de casas dispostas a valorizar, cada uma a seu modo, a diversidade e a igualdade. Essa é discussão que se tornou uma força crescente e perene, com cada vez mais adesão mundo afora. As empresas do nosso setor estão mais conscientes e ativas em trazer autores e autoras negros, indígenas, LGBTQIA+ e assim retratar com mais proximidade a toda a grandeza da nossa sociedade, algo que sempre deveria ter ocorrido.

Também não podemos nos esquecer do nosso compromisso intrínseco com a democracia e as liberdades de imprensa, pensamento e expressão. Vamos sempre nos posicionar de maneira muito enfática contra qualquer forma de censura, ou tentativa de bloqueio dessas liberdades. Elas são a base do nosso negócio, a essência de nossa atuação e profundamente relacionadas com a agenda da sustentabilidade.

No mundo pós-pandemia, quando a educação precisou se transformar para continuar cumprindo sua missão de formar cidadãos plenos, todo o mercado ligado ao ensino e a instrução coletiva angaria novos compromissos para o fomento e a disseminação de soluções para uma cultura voltada para o planeta.
 
Apesar dessa caminhada ser cada vez mais intensa entre nós, ainda temos muito o que fazer. Nossa responsabilidade com milhões de leitores de todas as idades, além de estudantes e professores de todas as áreas de ensino não acaba com a venda de um livro ou ferramenta de ensino. Ao contrário, ela começa e se expande na mesma medida que o conhecimento que compartilhamos se amplia na sociedade.
 
*Diretor global de Comunicação e Sustentabilidade da Santillana.

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