domingo, 05 de maio de 2024
PANTANAL

Subida das águas é lenta na estação das chuvas

23 DEZ 2022 - 12h06Por SILVIO DE ANDRADE

A previsão de maior concentração de chuvas na região que compreende as cabeceiras do Rio Paraguai e Cáceres (MT), a partir de meados de dezembro, cria uma expectativa de melhor cenário hidrológico para a bacia do Pantanal, que há mais de três anos sofre com uma sequencia de secas. O nível do Rio Paraguai em Cáceres – um termômetro para o comportamento das águas – está ainda abaixo da normalidade para o período.

A partir da segunda quinzena de dezembro registra-se maior volume de chuvas nessa região, com estimativa de acúmulos de até 300mm na última semana do ano. E a previsão é que o verão tenha chuva dentro da média em todo o Pantanal, como em Cáceres, que terá essa situação nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2023. Chuva volumosa tem ocorrido no baixo Pantanal (Corumbá), onde os rios estão praticamente secos.

A se confirmar as previsões, a tendência é o Pantanal passar por um período menos crítico de seca no próximo ano. O nível do Rio Paraguai em Cáceres, no dia 23 de dezembro, era de 1,98m, bem superior ao registrado no mesmo dia de 2020 (0,78cm). Essa água de Cáceres leva até três meses para chegar a Ladário (cidade vizinha a Corumbá), cuja régua fluviométrica é considerada padrão para estimar cheia ou seca.

Se chover, enche

Para os pesquisadores e pantaneiros, ainda é cedo para um diagnóstico mais preciso das mudanças hidrológicas na bacia. No entanto, os níveis registrados até agora são abaixo do esperado para a estação de chuvas. Cáceres registrou, na primeira semana de dezembro, o segundo menor nível em 57 anos, mas está em elevação. Em Ladário, o rio está em 0,32 (dia 23/12), abaixo de 2021 (0,58cm), mas acima de 2020 (0,08cm)

Segundo estimativas do último boletim divulgado pelo Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Paraguai, elaborado conforme o monitoramento realizado pelo Serviço Geológico Brasil (CPRM), o nível do rio em Ladário deve chegar a 0,51cm na primeira semana de janeiro, reflexo das chuvas localizadas na região, com acumulo de até 95mm. O maior volume de água em Cáceres esse ano (4,69m) ocorreu em meados de março: em Ladário, foi de 2,64m, em junho.

Os afluentes do Rio Paraguai também em baixa, como os rios Miranda, Aquidauana e Taquari, que banham a planície pantaneira entre as cidades de Corumbá, Ladário, Miranda e Aquidauana. Em Porto Murtinho, no Pantanal do Nabileque, no extremo sudoeste, o comportamento do Rio Paraguai não difere das demais regiões. O nível das águas (1,43m) no dia 23 de dezembro era inferior aos dois últimos anos, segundo divulgou a Marinha.
 

Leia Também

Relatos de viagem

A decoada, o armau e história de pescador no Pantanal do Nabileque

Mais Relatos de Viagem

Megafone

É impossível prever. O clima mudou tanto que os modelos climáticos programados para fazer previsões há dez anos já perderam muito dessa capacidade

Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP

Vídeos

As 10 cidades mais ricas em espécies de aves

Mais Vídeos

Eco Debate

RICARDO HIDA

Tudo que não é relevante, deixa de existir

ARMANDO ARRUDA LACERDA

O Jardim do Guia Lopes, laranjal da fronteira

NELSON ARAÚJO FILHO

Uma história de areias