sexta, 26 de abril de 2024
EMERGÊNCIA

SECA PERSISTE E COLOCA PANTANAL EM ALERTA

08 JUN 2021 - 13h35Por REDAÇÃO/SEMAGRO

Mais de 80% das propriedades estabelecidas na região do Pantanal já foram afetadas, em menor ou maior intensidade, pela escassez de chuvas. A atual estação chuvosa teve o menor índice de precipitação em 10 anos, conforme mostraram os técnicos do CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) e do CPRM (Serviço Geológico do Brasil), durante a reunião virtual da Sala de Crise do Pantanal, em Campo Grande.

Participaram também representantes da ANA (Agência Nacional de Águas), que coordena a sala e faz a mediação das reuniões; além de autoridades e técnicos dos órgãos ambientais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A Sala de Crise se reúne a cada dois meses para analisar a situação e levantar sugestões de medidas capazes de amenizar ou evitar crises como a ocorrida no ano passado, em que a maior parte do Pantanal ardeu em chamas.

Com números que atestam a anomalia climática persistente há pelo menos dois anos na região, o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar de Mato Grosso do Sul (Semagro), Jaime Verruck, ponderou se já não seria o caso de estabelecer Situação Crítica de Escassez, como já foi adotado na bacia do Rio Paraná.

“O Estado já decretou emergência ambiental e está tomando uma série de medidas para prevenir incidentes. Tivemos antecipação do período de seca, embora haja previsão de chuvas para os próximos dias, porém não será suficiente para reverter a tendência. O inverno será mais seco que do ano passado”, disse Verruck.

O risco não é apenas ambiental - probabilidade de incêndios em grande intensidade, como ocorreu em 2020. Com um dos maiores rebanhos do país, a pecuária pantaneira também é afetada com a falta de água e redução da pastagem. Muitos fazendeiros estão recorrendo a poços artesianos para abastecer os açudes, antevendo uma estiagem prolongada.

Todos os rios da bacia estão em seus níveis de água em declínio. O Coxim, que desagua no Taquari, é o único a apresentar cota próxima da média histórica. O Rio Paraguai em Cáceres (MT) está em 1,6 metro, quando o nível normal seria próximo de três metros. Em Ladário e Porto Murtinho, o rio está mais de dois metros abaixo da média dos últimos anos.

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Crise hídrica

A irregularidade de chuvas reduz o nível dos rios e já afeta a navegabilidade. Em Porto Murtinho a média seria 436 centímetros acima do nível mínimo e a régua mostra apenas 148, com diminuição constante, apontou o secretário. Em Ladário, a previsão é de que em outubro, o nível fique em 40 centímetros abaixo do mínimo. “Já temos que pensar em medidas paliativas, sobretudo quanto ao abastecimento das cidades”, frisou.

O gerente de Recursos Hídricos do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Leonardo Sampaio, participou da reunião da Sala de Crise da Bacia do Paraná realizada pela ANA e também com a participação de técnicos do CEMADEN, CPRM, ONS (Operador Nacional do Sistema) e representantes dos governos e órgãos ambientais dos seis estados brasileiros percorridos pela bacia (Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina e o Distrito Federal).

Os dados climatológicos apresentados na reunião apontam que não há indicativo de possibilidade de melhora nos próximos meses e mantêm-se vigentes as orientações e recomendações da  resolução nº 77/2021, publicada pela ANA no Diário Oficial de 1º de junho, com a Declaração de Situação Crítica de Escassez Quantitativa de Recursos Hídricos da Região Hidrográfica do Paraná até 30 de novembro de 2021.

Conforme os dados da ANA, o Rio Paraguai é a bacia com maior capacidade instalada de geração de energia hidroelétrica do país, com 57 grandes reservatórios, sendo Itaipu o de maior capacidade instalada, com 14.000 megawatts. Cerca de 1/3 da população brasileira vive nessa área, sendo, portanto, a bacia com maior demanda por água.

Nesta reunião, foi informado que o chamado “uso não consultivo” já está sendo prejudicado pela estiagem, como a geração de energia hidrelétrica, turismo e lazer e navegação na bacia do Rio Paraná.

Uma das propostas no momento, para garantir a geração e energia e condições de navegabilidade em alguns trechos, é de que sejam feitos esforços conjuntos para a manutenção do nível dos reservatórios em pelo menos 15% de sua capacidade.

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