quarta, 01 de maio de 2024
PROJETO

PESQUISADORES DISPONIBILIZAM ACERVO FOTOGRÁFICO DE PEIXES DE MS

02 SET 2023 - 06h19Por VANESSA AMIN/UFMS

Três de setembro é comemorado o Dia do Biólogo e foi a data escolhida por um grupo de pesquisadores, liderado pelo professor do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Paulo Robson de Souza, para o lançamento da ação de extensão Disponibilização de acervo fotográfico de peixes de MS à comunidade científica internacional. Projeto de extensão Peixes do Mato contempla uma série de ações de divulgação científica. Até o fim do ano serão mais de 300 fotos disponíveis no acervo.

Além de disponibilizar gratuitamente as fotografias de espécies encontradas, o projeto contempla outras ações para auxiliar na divulgação científica. “Eu e uma equipe de profissionais especialistas em taxonomia de peixes de água doce e ecologia de ambientes aquáticos organizamos as fotografias e as informações, em português e inglês,  sobre as espécies com objetivo de disponibilizar à comunidade científica internacional e público em geral, parte de um acervo fotográfico de peixes do Pantanal e Cerrado de Mato Grosso do Sul produzidos sob condições que reproduzem os ambiente naturais de ocorrência, bem como informações da história de vida das espécies”, explica Paulo.

Lambari_ulrei (Hemigrammus ulreyi)

“Carinhosamente denominamos o projeto Peixes do Mato. A iniciativa tornará disponível à comunidade científica internacional, divulgadores científicos, educadores, jornalistas e público em geral, parte substancial do acervo fotográfico de peixes do Pantanal e outras sub-regiões de Mato Grosso do Sul, cujos registros realizei sob condições naturais ou com o emprego de aquários que reproduzem seus ambientes de ocorrência, pondo em evidência as cores naturais, comportamentos e movimentos típicos das espécies fotografadas. Isto é importante porque, geralmente, publicações especializadas usam fotos de peixes mortos e fixados, sem coloração, devido à dificuldade de obtenção de registros naturalísticos”, complementa o coordenador que vem fotografando os peixes desde 1993.

Plataforma

Ele detalha que para o registro, aquários são especialmente montados com substratos e plantas aquáticas do próprio local de coleta. “Tal acervo é incomensurável, principalmente com o advento da fotografia digital. Mas é possível uma aproximação: considerando as fotografias em filme diapositivo (slide) e em suporte digital, é provável que o acervo contemple aproximadamente 50 espécies que ocorrem em nossa região, sendo que até o momento a equipe contabilizou alguns registros fotográficos raros – não que essas espécies sejam de ocorrência rara, mas desconhecemos que tenham sido fotografados exemplares in vivo”, destaca. 

(As espécies s a que se refere o pesquisador são: Schizodon isognathus, Hypostomus margaritifer, Austrolebias ephemerus, Trichomycterus dali e ao menos seis espécies de Melanorivulus, gênero conhecido por abrigar espécies com elevado grau de endemismo e cores vibrantes).

Sauá (Tetragonopterus argenteus)

De acordo com Robson, o acervo será disponibilizado na plataforma iNaturalist. “Trata-se de um repositório de ciência cidadã de alcance mundial que disponibiliza fotografias e dados associados para uso não comercial (Creative Commons by-nc/4.0), sem necessidade de autorização prévia dos autores”, fala. 

A plataforma é uma iniciativa conjunta da Academia de Ciências da Califórnia (EUA) e da National Geographic Society. “Cada uma das observações no iNaturalist podem contribuir para a conservação da biodiversidade, ao compartilhar suas descobertas com repositórios de dados científicos, como Global Biodiversity Information Facility, para auxiliar cientistas do mundo a encontrar e utilizar os seus dados”.

Peixe anual (Austrolebias ephemerus)

Cada uma das espécies publicadas é confirmada por três ou mais especialistas associados à plataforma. “Os especialistas espontaneamente confirmam as espécies publicadas, o que a plataforma chama ‘grau de pesquisa’ quando se atinge o consenso positivamente”, reforça Robson. 

Importância

Além dele, integram a equipe do projeto os professores do Câmpus de Três Lagoas Fernando Rogério de Carvalho e do Inbio Karina Keila Tondato-Carvalho, do programa de pós-graduação em Ecologia e Conservação e da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Yzel Rondon Suárez, além dos doutorandos Douglas Alves Lopes (PPG Biodiversidade/Unesp/Ibilce) e Adriana Maria Espinóza Fernando (PPG Ecologia e Conservação/UFMS), do mestrando Rafael Nunes de Souza (PPG Biologia Animal/UFMS) e dos acadêmicos de Ciências Biológicas do Inbio Gabriel Aristimunho e Amanda Almeida.

De forma direta, o projeto se relaciona, ainda, com três dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas: ODS 4: assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos; ODS 15: proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade; e ODS 17: fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

Lambari-olho-de-fogo (Moenkhausia australis)

“É frequente, no meio acadêmico especializado em pesquisas ictiológicas, o uso de desenhos e fotografias de exemplares de peixes conservados em coleções zoológicas para ilustrar artigos científicos, livros, pôsteres, aulas, palestras e conferências. Isso se dá, provavelmente, pelas dificuldades técnicas de obtenção do registro de animais vivos – o que inclui viagens, mergulhos com equipamentos especiais ou a coleta e manutenção dos exemplares em boas condições sanitárias em aquário, além da complexidade inerente esse tipo de fotografia – e, por outro lado, pela praticidade de se fotografar animais de coleção a qualquer tempo”, explica Paulo.

O projeto também conta com um perfil no Instagram e um linktree (uma espécie de índice on-line de vários links para acesso a notícias e publicações da equipe). “Por esses instrumentos, temos como auferir o número de visitas, bem como disponibilizarmos um questionário para avaliarmos a qualidade das fotos e textos que disponibilizamos no iNaturalist, ou ainda averiguarmos o uso do material em publicações voltadas à divulgação científica, palestras, treinamentos on-line e outros”, finaliza o coordenador.

Confira o acervo

Para ver o acervo de peixes e também de outras espécies, clique aqui

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