domingo, 19 de maio de 2024
PANTANAL

LIVRO REVELA HISTÓRIA FASCINANTE DA OCUPAÇÃO DA NHECOLÂNDIA

Obra vai ajudar na manutenção da Brigada Alto Pantanal, criada após os grandes incêndios no bioma

07 FEV 2023 - 16h31Por REDAÇÃO

A história, em detalhes, da formação de uma sub-região do Pantanal de Corumbá hoje conhecida como Nhecolândia está no livro “Memórias de Um Pantanal: Histórias de homens e mulheres que desvendaram a região do Rio Negro”, de autoria da jornalista Teté Martinho, produzido com o Documenta Pantanal.

Essa obra vai ser lançada em São Paulo, no dia 13 de fevereiro, e toda a renda obtida com a aquisição do livro será revertida para a manutenção da Brigada Alto Pantanal, iniciativa do Documenta Pantanal, IHP (Instituto Homem Pantaneiro) e Wahba Filmes, e Brigadas Pantaneiras. Elas atuam na prevenção e combate aos incêndios florestais em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. 

Após o lançamento, o livro estará disponível para compra na Biblioteca do Documenta Pantanal, que pode ser acessada neste link.

O foco do Documenta Pantanal é documentar, valorizar e difundir a cultura e a natureza pantaneiras com ações educativas e culturais – filmes, livros, reportagens. Criado em 2019, reúne estudiosos, empresários, artistas e produtores, contribuindo para o desenvolvimento de ações em múltiplos meios e formatos (exposições, livros, vídeos e documentários, por exemplo) que, mais do que celebrarem a beleza e a biodiversidade desse ecossistema, pretendem chamar a atenção da sociedade para a urgência em conhecer e conservar este patrimônio da humanidade abordando esse ecossistema por uma perspectiva cultural e social.

Família dos Rondon: pioneiros de uma das regiões mais exuberantes e de grande produção bovina do Pantanal

Em sua proposta editorial, o Documenta atua para contribuir para a construção de uma biblioteca de referência sobre a história, a cultura e a visualidade pantaneiras, seja resgatando conteúdos clássicos, seja criando ou apoiando obras novas. Nesse sentido, um novo título vem se integrar a seu portfólio com o lançamento, em 13 de fevereiro, em São Paulo, na Livraria da Travessa, de “Memórias de Um Pantanal: Histórias de homens e mulheres que desvendaram a região do Rio Negro”.

Capa do livro: contribuição à memória pantaneira

Saga dos Rondon

A convite do Documenta, Teté Martinho fez uma imersão na história da família do pioneiro Cyriaco Rondon (tio-avô do marechal Candido Rondon), que, no começo do século 20, era dono de quase metade da sub-região pantaneira conhecida hoje como Nhecolândia (19,48% da área do bioma), que se estende a Leste de Corumbá e ao Norte com Rio Verde, se limitando pelo Rio Taquari com outra microrregião, Paiaguás. O Pantanal tem 11 sub-regiões.

Para construir sua narrativa e contar a saga da família, a autora teve acesso a antigos diários, fotos de época, mapas e outros documentos herdados pelos descendentes. Em dois anos de pesquisa também entrevistou fazendeiros, empresários, historiadores e conservacionistas para ilustrar o início do povoamento e o desenvolvimento das terras às margens do Rio Negro.

Majestosa sede da Fazenda Rio Negro, onde foi rodada parte das cenas da novela Pantanal, da Globo

Em versão bilíngue (português e inglês), o livro, em suas 296 páginas, sobrevoa a história de uma das nove sub-regiões do Pantanal, mostrando os movimentos que levaram à sua formação cultural. 

“O fato de ter sido uma grande propriedade, e a natureza, impiedosa, que forçou o homem a adaptar sua atividade ao regime de cheias, inclusive a pecuária, acabaram contribuindo para preservar o ecossistema”, afirma Teté.

Para Mônica Guimarães, da coordenação do Documenta, este título traz à tona um Pantanal de grande beleza e história intrincada, pouco conhecida até dos brasileiros. Ainda de acordo com ela, “retraçá-la minimamente, a partir do fio condutor da descendência de um pioneiro não teria sido possível sem a colaboração preciosa dos netos e bisnetos de Cyríaco Rondon, que se dispuseram a compartilhar as memórias de família”.

Nesse cenário, a saga pantaneira se revela desde a busca de ouro e prata dos primeiros tempos até o combate atual ao risco de desertificação da maior área alagável do planeta. 

“Tão intrigantes quanto personagens ficcionais, como o José Leôncio das duas versões da telenovela que ajudou a popularizar a região, pessoas reais como Cyríaco Rondon e a mulher, Thomázia, contribuem para mapear as raízes do Pantanal contemporâneo”, afirma a autora.

“Memórias de Um Pantanal: Histórias de homens e mulheres que desvendaram a região do Rio Negro” foi realizado via Lei de Incentivo à Cultura e contou com o patrocínio da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN e da Rodobens.

Tipo de embarcação usada no início do século XX, único meio de transporte para superar o isolamento implacável

Sobre Teté Martinho
Jornalista cultural, nasceu no Rio de Janeiro, em 1963. Foi editora, correspondente e repórter especial da Folha de S. Paulo e redatora-chefe da revista Bravo!, entre outras. Publicou os livros-reportagem “ 5 Saraus, cada qual com sua poesia, cada qual com sua fúria” (Imprensa Oficial, 2015) e “Guia Triângulo Histórico SP” (Estação, 2013). É coautora do projeto da revista bilíngue Pororoca, sobre a Amazônia (2008-2009), e assinou a coluna Crítica de Loja na Folha de S. Paulo de 2007 a 2014. Coordenou a edição dos catálogos das exposições Eduardo Viveiros de Castro, fotógrafo (Sesc Ipiranga, 2017) e Olafur Eliasson _ Seu Corpo da Obra (Sesc Pompeia, 2011), entre outros. Em 2011, ganhou o Jabuti de prata, na categoria Livro de Arte, por “Joseph Beuys – A revolução somos nós” (Edições Sesc, 2010). Está à frente da Letra da Cidade, selo editorial que reúne as publicações dos institutos socioeducativos e culturais Acaia e Çarê.

Sobre o IHP
O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002 e instituído no dia 30 de março de 2012 em Corumbá (MS), atua na conservação e preservação do bioma Pantanal e da cultura local.Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área. Os programas que o Instituto atua são Rede Amolar, Cabeceiras do Pantanal, Amolar Experience, Felinos Pantaneiros, Memorial do Homem Pantaneiro, Brigada Alto Pantanal e Estratégias para Conservação da Natureza

Sobre a Brigada Alto Paraguai
A Brigada Alto Pantanal tem atuação permanente e foi criada em 2020, durante os graves incêndios que devastaram o bioma naquele ano. Ela atua diretamente na região da Serra do Amolar e com a redução dos focos de calor, sua atuação é com o trabalho preventivo e de mitigação. A Brigada Alto Pantanal cria rotas de fuga para animais e pessoas, produz aceiros em áreas consideradas estratégicas, realiza o plantio de mudas para recuperação de áreas atingidas e atua diretamente para reduzir material orgânico que pode propagar grandes incêndios. Entre 2022 e agora 2023 a Brigada Alto Pantanal desempenha a função de contribuir no plantio de 25 mil mudas, com apoio do Funbio (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade). Já foram plantadas mais de 6 mil mudas.

Sobre o Documenta Pantanal
Criado em 2019, o Documenta Pantanal é uma iniciativa que reúne profissionais de áreas diversas em torno da urgência de tornar as fragilidades e as riquezas do Pantanal Mato-grossense mais conhecidas do público. Trabalhando por um bioma vivo, produtivo e exuberante, cria, provoca e apoia ações e conexões para mapear a cultura da região, apontar soluções de conservação e gerar recursos de proteção.

Mais

Título: Memórias de Um Pantanal – Histórias de homens e mulheres que desvendaram a região do Rio Negro
Lançamento: 13/2, às 19h, na Livraria Travessa (R. dos Pinheiros, 513 – Pinheiros)
Pesquisa e texto: Teté Martinho
Projeto gráfico e ilustração: Letícia Moura
Fotos e reproduções: Everton Ballardin
Versão em inglês: Ana Elisa Igel
Editora: Documenta Pantanal
ISBN: 978-65-996829-4-0
Ano de edição: 2022
Número da edição: 1ª
Formato: 26 cm x 23 cm
Páginas: 296
Preço: R$ 60

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