Segundo o Ibama, o tráfico de espécies silvestres é o terceiro maior do mundo, atrás apenas do tráfico de drogas e armas. As aves correspondem a 80% das apreensões do Instituto. Dentro desse grupo, os papagaios estão entre as espécies mais vulneráveis, muito procurados como animais de estimação.
Evitar a retirada de papagaios da natureza por meio do combate ao tráfico de aves e promover outras ações para sua conservação na natureza são os principais focos de um programa nacional, lançado por meio de uma campanha nas redes sociais (confira em https://www.facebook.com/papagaiosdobrasil/) e durante o 1º Simpósio Internacional de Conservação Integrada, no Parque das Aves, em Foz do Iguaçu (PR).
Com apoio financeiro da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, o Programa Papagaios do Brasil integra ações de conservação de seis espécies de papagaios com diferentes graus de ameaça: papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), papagaio-charão (Amazona pretrei), papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha) e papagaio-moleiro (Amazona farinosa).
As ações estão previstas no Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação dos Papagaios da Mata Atlântica. Além de Santa Catarina, a iniciativa é realizada no Distrito Federal e nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, onde as espécies estudadas ocorrem.
Parceria que potencializa esforços
As espécies habitam diferentes biomas do país e, além do tráfico, enfrentam a redução do seu hábitat. “As seis espécies são contempladas pelo Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Papagaios, o PAN Papagaios, que engloba um conjunto de atividades voltadas ao combate das principais ameaças a esses animais”, explica Patricia Serafini, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (ICMBio/CEMAVE).
O Programa Papagaios do Brasil segue as diretrizes do PAN Papagaios e tem ações previstas até 2021, entre atividades de educação e conscientização para conservação da natureza, pesquisas e participação de instituições públicas e privadas. O Programa tem apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e realização da SPVS, Parque das Aves, Fundação Neotrópica, Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA) e ICMBio/CEMAVE.
Nosso maior patrimônio
Elenise Sipinski, responsável técnica pelo Programa Papagaios do Brasil, afirma que a união de diferentes instituições garante resultados mais efetivos na conservação da natureza. “Infelizmente há pessoas que compram papagaios silvestres e financiam esse tipo de crime. Com o Programa Papagaios do Brasil, pretendemos mostrar que a biodiversidade é nosso maior patrimônio”, comenta Sipinski.
Ela também é coordenadora do Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa, realizado pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) desde 1998 no litoral paranaense e litoral sul de São Paulo, áreas onde a espécie ainda é encontrada.
A diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes, explica que a instituição é uma das principais a apoiar projetos e programas de conservação da natureza brasileira. Já são 1.528 iniciativas beneficiadas, em todas as regiões do Brasil, dentre as quais 39 foram relacionadas à conservação de papagaios.
“Com o apoio financeiro ao Programa Papagaios do Brasil, contribuiremos para que as ações de conservação de papagaios sejam integradas e terão seus resultados potencializados”, diz Malu.
Papagaios são animais ícones
Membro da equipe executora do programa, Nêmora Prestes reforça a importância da iniciativa. “Ao somar esforços, todas as espécies são valorizadas, bem como o bioma onde vivem. Os papagaios são animais ícones do nosso País e precisam de todo o apoio que pudermos dar”, afirma a professora da Universidade de Passo Fundo, participante do Projeto Charão e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).
Para Glaucia Seixas, coordenadora dos projetos Papagaio-verdadeiro e Papagaio-chauá pela Fundação Neotropica, a conservação da fauna e da flora são de vital importância e precisam de destaque.
“É com muito orgulho que participo desse programa que se inicia. Proteger e conservar a biodiversidade brasileira deve estar no topo das preocupações das instituições públicas e privadas, já que as consequências afetam a toda a sociedade”, analisa Glaucia, que também atua no Programa Papagaios do Brasil e é membro da RECN.
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