COMIDA DE COMITIVA, UMA ESPECIALIDADE DA POUSADA DO PERALTA

Servido em prato esmaltado, jantar pantaneiro retrata a rotina gastronômica dos peões, uma tradição ainda mantida no Pantanal -Fotos: Silvio de Andrade

“Nós não estamos apenas vendendo um prato de comida, mas sim cultura e tradição”, afirma o empresário Cícero Ramos Peralta, 65, enquanto relata o dia a dia do peão pantaneiro aos turistas e convidados, que se aglomeram ao lado da cozinha de comitiva, armada em seu hotel, a Pousada do Peralta, em Bonito. Após sua explanação, é servida a comida de comitiva – arroz carreteiro, macarrão frito, mandioca frita e feijão com cupim soleado. De sobremesa, rapadura e cafezinho.

Com uma decoração que lembram a indumentária e o ambiente dos peões na sua lida, o jantar pantaneiro é um dos projetos bem sucedidos desenvolvidos pelo empresário na Capital do Ecoturismo, onde é um dos pioneiros no setor. Criado em 2014, o atrativo ganhou fama e hoje é organizado para grupos acima de 20 pessoas, no hotel, ou em forma de degustação em grandes congressos, atendendo também confraternizações, reuniões em família ou outros eventos realizados na cidade.

O "peão" Peralta conversa com os turistas antes de servir a comida e fala também um pouco da sua experiência de vida

“O turista quer conhecer as comidas típicas do lugar que ele visita, daí a ideia de promover esse encontro da gastronomia do peão pantaneiro, onde a gente conta um pouco da dinâmica das comitivas, o mais próximo possível da sua realidade”, diz Peralta. “O Pantanal está aqui do lado de Bonito e a comida de comitiva, além de saborosa, tem uma importância muito grande no nosso cardápio. A organização da comitiva tem regras e rituais e também desperta interesse”.

Bonito e Pantanal

Com vivência no Pantanal do Nabileque, Peralta conta com riqueza de detalhes a rotina dos peões, usando vestimenta semelhante à de um membro de comitiva, com chapéu, guaiaca, botas, chicote trançado, faixa, faca, perneiras (proteção em couro para as pernas) e até uma imitação de revólver na cintura. E no momento de servir a boia, ensina ao turista a regra básica: não tirar o chapéu ao adentrar na cozinha, o que pode ser feito somente ao sair do recinto.

Peralta, o ex-peão Vandeir e o filho do empresário, Giancarlo: comida de comitiva com sabor e ambiente típico

A Janta de Comitiva termina com o som do berrante, tocado pelo cozinheiro Vandeir Rodrigues, 38, um ex-peão, ponteiro de boiada. A “Comitiva do Peralta”, como é chamada, fez parte das atividades de capacitação que o Sebrae realizou em Bonito para consultores e técnicos de suas unidades espalhadas pelo Estado, onde a gastronomia regional foi um dos focos como elemento agregador quando se pensa em inovação no turismo. 

A ligação do empresário com o Pantanal levou-o a empreender também fora de Bonito, ampliando seus negócios, os quais não se limitam ao setor hoteleiro. Além de uma agência de viagem, que funciona na pousada, a empresa opera fortemente com ecoturismo e pesca esportiva em regiões como Forte Coimbra, Passo da Lontra (Estrada-Parque) e Serra do Amolar, em Corumbá. E tem estrutura (logística) de apoio a produtoras e expedições pela região.

Cercada de muito verde, a pousada atrai aves e pássaros durante o dia e animais silvestres à noite, dentro da área urbana de Bonito

Araras, tamanduás

Turismólogo, ex-presidente do Conselho Municipal de Turismo (COMTUR), Cícero Peralta foi um dos primeiros empreendedores a apostar no turismo ainda incipiente de Bonito, na década de 1990. Pegou sua indenização ao deixar a empresa estatal de telecomunicações de Mato Grosso e empregou o dinheiro no hotel, onde começou com uma quitinete. “Deu certo, um pouco de visão e o fator sorte”, diz ele. Hoje, a pousada conta com 18 apartamentos e 56 leitos.

O empreendimento agrega também um estacionamento exclusivo para motorhomes, com nove boxes com toda infraestrutura. “Foi um chamariz, recebo gente de todo lugar”, conta. Cercada de muito verde, a pousada atrai revoadas de papagaios e araras vermelhas, canindés e a híbrida. À noite, circulam pelo ambiente, distante a menos de 2 km do centro da cidade, tamanduás, antas, tatus, jabutis, cutias e outros animais que habitam um morro próximo.

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(Assessoria de Imprensa da Rota Pantanal Bonito)

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