sábado, 27 de abril de 2024
SELVA URBANA

Cidade do México discute como desenterrar seus rios

22 JUN 2017 - 16h00Por Beatriz Montesanti

Sob o viaduto Miguel Alemán, na Cidade do México, corre o que um dia foi o rio Piedad. Pavimentada em 1942, uma avenida encobre o curso d’água, um dos inúmeros que foram canalizados na capital mexicana - algo recorrente em grandes metrópoles. Desde 2013, porém, um grupo que reúne acadêmicos, designers, planejadores urbanos, ambientalistas e artistas briga para, de alguma forma, resgatar 45 desses rios. O plano começaria trazendo à superfície cerca de 15 km do rio Piedad.

Desde 2013, porém, um grupo que reúne acadêmicos, designers, planejadores urbanos, ambientalistas e artistas briga para, de alguma forma, resgatar 45 desses rios. O plano começaria trazendo à superfície cerca de 15 Km do rio Piedad.

“Esse projeto estilhaça paradigmas.
Propõe acabar com uma estrada privada, que não
pode ser usada a não ser que você tenha um carro.
O que propomos é remover os carros, abrir os
canos e tratar a água. Precisamos transformar
o modelo de nossa cidade.”

Delfín Montaña Biólogo, em entrevista ao site “CityLab”

Ainda em fase teórica, a proposta consiste em remover os canos que abrigam as águas do rio e substituí-los por uma espécie de corredor biológico, que parte da área de Santa Fé e vai até o aeroporto da cidade.

O corredor eliminaria as pistas do centro da avenida, mantendo as laterais para a passagem de veículos. Incluiria ainda linhas de transporte público, um metrô, ciclovias, calçada e espaços verdes. Calcula-se que o projeto custaria US$ 863 milhões.

Para além da barreira financeira, porém, ele enfrenta resistência política. Há alguns anos, o grupo recebeu apoio na Assembleia Legislativa da Cidade do México, a proposta, porém, foi engavetada.

Soterramento

Em tempos pré-hispânicos, a Cidade do México era cercada por cinco lagos e cortada por inúmeros rios. O crescimento desgovernado da capital, porém, fez com que suas águas se tornassem grandes esgotos à céu aberto.

Entubados devido à grande poluição, os cursos de água cederam espaço a largas avenidas na metade do século 20, ocupadas por veículos nas décadas seguintes, com o desenvolvimento urbano local. O projeto posto em prática era de autoria do arquiteto Carlos Contreras.

A área em torno do viaduto Miguel Alemán é atualmente uma das mais prejudicadas em épocas de chuva no México, quando a água da precipitação excede a capacidade do sistema de drenagem. A proposta de Montaña criaria um sistema integrado para manusear e tratar a água.

Na Europa, rios que não foram soterrados, porém modificados de alguma forma pela ação humana, estão sendo devolvidos a seus cursos naturais.

Rios subterrâneos

São mais de 300 rios, córregos e riachos que correm no subsolo de São Paulo. Por ser proibido erguer prédios sobre rios soterrados, a maior parte fica sob o asfalto. Tal como no México, cederam espaço a avenidas e carros.

O córrego Saracura foi o primeiro a ser coberto, já em 1906. Desde então, ele segue por baixo do bairro paulistano do Bexiga, até o viaduto Doutor Plínio de Queirós.

Na altura da Praça da Bandeira, tem um encontro subterrâneo com o rio Itororó, que percorre a Avenida 23 de Maio, e o córrego Bexiga, que vem sob a rua Japurá, formando o Anhagabaú. Os três desembocam no Tamanduateí, que corre sob a Avenida do Estado. (NexoJornal)

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