sexta, 26 de abril de 2024

O Brasil, a mentira e a onça-pintada

05 MAR 2023 - 12h33Por MANOEL MARTINS DE ALMEIDA


O Brasil se tornou, com as eleições de outubro/22, a GRANDE MENTIRA MUNDIAL. É vergonhosa a situação do país no contexto das nações. Não que a mentira seja um privilégio nacional, longe disso, mas a nossa mentira é hoje um vício contagioso de um país pobre, sem perspectiva e não de uma potência rica e dominante, cuja mentira, embora evidente, quase sempre é acatada como verdade.

A nossa mentira é como um dever de casa cobrado pela Nova Ordem Mundial. Claro, tiramos dez com louvor, figurando no quadro de honra desse grande educandário chamado Globalismo.

Mas, e a onça-pintada? Onde é que esse ícone do ambientalismo brasileiro se mistura com a mentira e o Globalismo? 

Se ainda não deu para entender, vamos desenhar.

Vim para o Pantanal com um mês após meu nascimento. Aqui, passei a infância, a juventude, a idade adulta e, por fim, vivo os acréscimos de tempo que o Grande Juiz me concede, pelo que sou muito grato.

O meu pai contava fatos verídicos e inventados sobre onças nos deliciosos anoiteceres em nossa varanda. Lendas e mitos que povoavam as nossas cabeças infantis. Nada mais que isso.

Até então, o "avistamento" (eu disse essa palavra?) do Lilico, um menino da fazenda, lá pela beira do Riozinho, braço do rio São Lourenço, que dividia nossas terras de outras que mais tarde fariam parte da propriedade - portanto longe, muito longe da atividade humana -, fôra o único fato concreto de conhecimento geral.

A proibição da caça, os desmatamentos nos planaltos adjacentes, a ocupação das áreas fronteiriças, na Bolívia; o incremento da pecuária no Pantanal, otimizando a dieta alimentar, o receio, por parte dos pecuaristas, das penas severas e da execração pública por matar onça em defesa de seu patrimônio, e a influência do Globalismo, todos esses fatores tornaram exponencial o aumento desse felino na planície pantaneira.

Ora, como região potencialmente dominável, a destruição de valores locais; de costumes locais; de culturas locais por uma avassaladora invasão de endinheirados "benfeitores" da natureza, que criam onças em terras alheias e não as alimentam em suas imensas reservas (infernos ardentes), faz com que o sustento das mesmas sejam o rebanho e os animais domésticos dos pantaneiros - com isso, criando um estorvo proposital para os moradores e criadores de gado, não importando o volume ou espécie de seu rebanho.

Bem alimentado, o felino procria como coelhos e vai expandindo o território (estratégia da própria espécie), alcançando já há algum tempo as regiões urbanas.

As narrativas constantes nas mídias sociais e na imprensa engajada falseiam com a verdade dizendo que a onça-pintada está nos centros urbanos correndo de enchente. Onça-pintada é animal de brejo, diferentemente da onça-parda, que habita os cerrados.

A onça-pintada está rondando os aglomerados urbanos por absoluta falta de espaço, visto que nessa espécie manda quem pode e obedece quem tem juízo. Os espaços são conquistados, não tem moleza.

Assim, a presença de onças em postos da polícia ou em rodovias como a Ramão Gomes, que liga Corumbá (MS) a Puerto Quijarro, deveria chamar à responsabilidade aqueles que pretendem transformar este Pantanal em uma região inexplorável e inabitável pelo ser humano.

Ainda é preciso que se diga que sendo a onça-pintada um animal brejeiro, a faixa de terra, na planície, em que elas transitam, fica restrita às regiões mais alagáveis, o que reduz bastante o seu território.

O Brasil tem 140.528.309 hectares de áreas protegidas, que totalizam 17% do seu território. Essas áreas tem em seu entorno mais 9% de áreas de uso restrito. A soma vai para 26%. As terras indígenas alcançam a absurda proporção de 14% do solo brasileiro.

 Nos países dominantes, essas áreas são devidamente exploradas. Aqui não podemos utilizá-las.

Farms here, forest there”, diz a cartilha das escolas americanas.

Bilhões de dólares para a Amazônia do governo alemão.

Gretas, Di Caprios, Stings, Giseles, Itaús e outros bem remunerados que defendem nossas faunas e flora são, como todos sabemos, instrumentos da dominação econômica e do colonialismo ambiental que nos impedem de explorar as nossas riquezas e combatem o vitorioso agro brasileiro, prejudicando a segurança alimentar em todo o planeta com a finalidade do total domínio da humanidade.

A fauna silvestre em todos os países civilizados, inclusive aqueles que se intrometem em nossa política ambiental, é comercialmente explorada e tem controlada a sua expansão quando causam desequilíbrio em seu meio. Aqui, é impensável o aproveitamento econômico por aqueles que vivem em territórios ricos de espécies nativas. 

Mas, o aproveitamento virá certamente de alguma forma em benefício dos "protetores" e em detrimento da população brasileira.

A onça-pintada está, com toda a certeza, com a sua população acima do razoável na planície pantaneira. Um conflito sério se aproxima.

Necessário se faz que autoridades no comando dos órgãos ambientais voltem suas atenções para essa realidade. De outra forma, ficará evidenciado que tiraremos dez com louvor, quando a Nova Ordem Mundial corrigir nossos deveres de casa e um humilhante zero dos nossos filhos e netos.

A onça-pintada é o Cavalo de Tróia introduzido maliciosamente em nossas frágeis defesas.

(*) Pecuarista pantaneiro
 

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