Enquanto no Brasil ainda se discute a dragagem realizada há quase duas décadas em pequenos trechos do Rio Paraguai na região de Cáceres, onde o canal não é navegável em determinados períodos do ano, o Ministério de Obras Públicas e Comunicações do Paraguai (MOPC) anunciou que será realizada uma parceria público-privada para desenvolver um projeto de desassoreamento do rio entre o porto de Assunção e o rio Apa, na fronteira com Mato Grosso do Sul.
“Em relação à hidrovia, temos a iniciativa privada da Jan de Nul Company para a dragagem do trecho soberano do río Apa à zona de Pilcomayo (km 1618), para manter pelo menos 90% do ano navegável, operando, primeiro por dragagem, abertura de canais e manutenção com sinalização, balizamento e aplicação de tecnologia, cartas eletrônicas daquele trecho que seriam mantidas mediante pagamento de pedágio”, afirmou Jorge Vergara, diretor de Projetos Estratégios do MOPC.
A declaração foi feita durante a Conferência de Apresentação da Infraestrutura Hídrica e de Transporte Paraguai-Espanha. O evento foi realizado no Hotel Palmaroga, em Assunção, e contou com o apoio da embaixada da Espanha no Paraguai, ICEX Espanha, Exportações e Investimentos, e da Rede de Investimentos e Exportações (REDIEX) do Paraguai.
O investimento inicial aproximado será de 110 milhões de dólares para o desenvolvimento das obras de dragagem, sinalização, balizamento e implementação de tecnologia num ramal de 510 quilómetros, que inclui o trecho ente a capital paraguaia e a fronteira com o Brasil. A iniciativa do governo Paraguai beneficia diretamente o setor hidroviário de Mato Grosso do Sul, com o incremento das exportações de minério de ferro e grãos em Corumbá e Porto Murtinho.
Mais cargas pelo rio
Vergara disse ainda que pelo menos no trecho soberano haveria a segurança de navegar o maior tempo possível e com um bom número de comboios neste trecho. “Os produtos poderão sair e entrar pontualmente e permanentemente, não mais dependendo principalmente do problema da calha, da seca como aconteceu conosco neste momento e também de uma injeção econômica no país”, disse, estimando o início da dragagem para fevereiro de 2023..
Em outro momento, ele mencionou que também realizariam uma PPP para ampliar a Rota 1, o que geraria um círculo virtuoso permitindo a conectividade no Paraguai.
“A mesma coisa vai acontecer com a hidrovia, acreditamos pelos estudos que fizemos, que o que está circulando hoje naquele trecho soberano é mais de 8 milhões de toneladas por ano, automaticamente Brasil e Bolívia vão enviar para aquele trecho, que vai ser navegável por mais tempo e melhores condições de pelo menos 7 milhões de toneladas a mais por ano, inicialmente, sem levar em conta o que está sendo preparado pela empresa Parapel e Omega Green e outros investimentos planejados para que possamos melhorar a quantidade de produtos que pode entrar na hidrovia”, destacou Vergara.
“Prevejo que dentro do mês de maio - completou - a empresa belga Jan de Nul deve apresentar o estudo de viabilidade, o que permitiria o processo licitatório para outubro, pois está mais avançado que a Rota 1 em tempos, no que se refere ao processo de estudos técnicos e depois ao processo natural de tudo o que é a pré-qualificação, a discussão das especificações e a própria convocatória”.
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