terça, 23 de abril de 2024
AMOLAR EXPERIENCE - I

UMA VIAGEM DE IMERSÃO NA CULTURA E NA NATUREZA DO PANTANAL

26 JUL 2022 - 12h06Por DÉBORA BORDIN/FUNDTUR MS

A reação de quem visita a região pantaneira é parecida com a do jornalista Felipe Mortara: “Viver um sonho chamado Serra do Amolar, no meião do Pantanal do Mato Grosso do Sul. Sentir o vento no rosto, o calor, os mosquitos, as pausas abruptas para avistar animais. O combo das vivências que a rotina esqueceu, mas que a alma nunca apagou. Todo esse ritual me pertence estranhamente. O acordar cedo, o dormir tarde, o provar novos sabores”.

Este é parte de um dos relatos dos participantes do Amolar Experience, programa de turismo do Instituto Homem Pantaneiro (IHP). A presstrip de apresentação e validação de roteiro aconteceu em junho e teve parceria da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (FundturMS), SebraeMS (através do Pró Pantanal – Programa de Apoio à Recuperação Econômica do Bioma Pantanal) e Operadora Pure Brasil.

Foram sete dias de imersão na cultura e na natureza do Pantanal de Corumbá e da Serra do Amolar com a participação de jornalistas, influenciadores e profissionais de turismo, que puderam conhecer e vivenciar um pouco da riqueza do Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera.

Recepção na Pousada Recanto da Chalana, novo empreendimento turístico de Corumbá. Foto: Débora Bordin

Cultura e preservação

A viagem começa por Corumbá, conhecida como a ‘Capital do Pantanal’ e também pelo amor a uma cultura peculiar, que se destaca dentro da cultura sul-mato-grossense. Os visitantes puderam ter uma prova dela durante passeio a pé pelo Porto Geral, onde dois artistas declamaram poesias de Manoel de Barros enquanto tocavam viola de cocho e cantavam músicas de artistas da terra. Uma prévia da paixão acalorada que o povo corumbaense mostraria logo mais à noite, já que tivemos a sorte de chegar no dia da maior festa religiosa da região.

Nesse tour pelo Porto Geral, ainda pudemos saber um pouco das origens da ocupação da região e da cultura pantaneira no Museu de História do Pantanal (Muhpan) e no Memorial do Homem Pantaneiro. Lá, em meio às histórias locais, vimos também apresentações de alunos do Instituto Moinho Cultural que tocam instrumentos musicais como violoncelo e violino. O objetivo do Moinho é, por meio da arte, diminuir a vulnerabilidade social de crianças e adolescentes da região de fronteira. Lindo de ver e ouvir.

Visitamos também a sede do IHP e vimos, quase que em primeira mão, o sistema de monitoramento de incêndios no Pantanal, que faz parte de uma iniciativa com foco na redução dos incêndios florestais no bioma. Chamada de Abrace o Pantanal, essa força-tarefa reúne empresas e organizações com diferentes especialidades e áreas de atuação, como o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Sistema Umgrauemeio, Brigada Aliança e Polo Socioambiental Sesc Pantanal. E é considerado um dos maiores projetos do mundo de preservação ambiental por meio da detecção rápida e melhor combate à incêndios.

Artistas locais declamando Manoel de Barros em frente ao Centro de Convenções, porto-geral. Foto: Débora Bordin

Patrimônio Histórico

Os outros programas do IHP conheceríamos ao longo dessa viagem, que prometia muito encantamento. A expectativa já era visível nos olhos de todos.

A noite do primeiro dia já foi bem ao estilo corumbaense. Era comemoração de São João e a cidade respirava festa. O tradicional e centenário Banho de São João de Corumbá recebeu o título de Patrimônio Cultural do Brasil, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

E as palavras do jornalista Felipe também retratam o sentimento dessa noite, antes do tour pela natureza. “...antes disso, encontrar uma Corumbá cheia de uma fé pura e feliz por São João, que canta, dança e leva o santo para tomar banho no Rio Paraguai. Levando o andor numa mão e uma cerveja na outra. Viver uma terra onde o sagrado e prazeroso se dão ao luxo de se confundir. Que venham os próximos dias”.

Rumo à Serra do Amolar

Então, no dia seguinte logo cedo, começa a viagem de cinco horas de barco voadeira rumo ao Amolar. Essa embarcação seria nosso meio de transporte durante toda a experiência e nos levaria para tantos lugares, para criar tantas memórias.

No Rio Paraguai, em direção ao paraíso. Foto: Felipe Mortara

A primeira parada antes do destino final foi na Escola Jatobazinho, de ensino fundamental, que faz um trabalho educacional e recreativo exemplar com crianças das comunidades ribeirinhas. Coisa linda e de encher o coração de alegria. Ainda mais que chegamos um dia antes das férias escolares, numa festa de São João, com crianças a caráter e seus familiares em momento de celebração.

De iniciativa do Instituto Acaia Pantanal, membro da Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar (RPCSA), a Jatobazinho ensina desde a alfabetização, como em uma escola tradicional, até como plantar para comer, higiene pessoal, educação ambiental e regras básicas de etiqueta social. Um mundo novo e diferente para crianças que, muitas vezes, vivem em situações bem precárias na beira do rio.

Seguimos viagem com mais uma parada rápida, agora na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Engenheiro Eliezer Batista, local de ações de pesquisa e conservação da natureza. Depois de lá, chegamos na RPPN Acurizal, lugar incrível e estruturado em meio à maior área alagável do mundo. Ali seria nossa casa por quatro dias e quatro noites de muitas experiências e aprendizado que levaremos por toda a vida.

A seguir: “Aprendizado com a natureza”

 

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