domingo, 19 de janeiro de 2025
CULTURA

Livro de imagens mostra exílio de um elefante na natureza

28 JUN 2017 - 22h23Por Silvio de Andrade

A palavra africana “cambaco” significa, num dos dialetos mais falados em Moçambique, “elefante velho, solitário, afastado da manada”. Esta é a metáfora explorada pelo premiado artista Manu Maltez em seu novo livro de imagens, no qual recria o trajeto de um elefante rumo ao seu derradeiro destino.

Em meio a paisagens devastadas e figuras mitológicas, o animal caminha, alheio ao que ocorre em torno dele. Uma jornada mítica que provoca reflexões sobre o ciclo da vida, a memória, o fazer artístico e, fundamentalmente, sobre as consequências das ações das pessoas no meio ambiente e entre seus pares. A África, com sua rica simbologia, é um dos eixos centrais dessa narrativa, que põe em cena questões existenciais, éticas e filosóficas sob a forma de desigualdades sociais, guerras e extinção animal.

As ilustrações, plenas de referências culturais, que alternam esboços e desenhos altamente elaborados, fazem uso de closes e combinam técnicas variadas, entre outros aspectos formais, acentuando a intensidade dramática da história. A fusão do homem com o elefante, que resulta no personagem Cambaco, condensa vários sentidos, remetendo aos mitos de criação e aos seres mitológicos híbridos como o minotauro. Várias outras imagens de nascimento e renascimento se desdobram nessa narrativa imagética, como a da baleia e do sopro vital. Entre as inúmeras referências presentes na obra de forma direta ou indireta está o poema “O elefante” de Carlos Drummond de Andrade.

O livro Cambaco surgiu de um curta-metragem de animação criado por Maltez e é também o nome de uma música (feita pelo autor em parceria com o compositor Vicente Barreto). A edição traz ainda um texto de apresentação assinado por Angela-Lago, nome consagrado da literatura infantojuvenil.

Manu Maltez nasceu em São Paulo, em 1977. É um artista polivalente que trabalha com diversas linguagens: artes visuais, música, texto e cinema. Tem vários livros publicados, entre eles a adaptação livre em imagens para o poema O Corvo, de Edgar Allan Poe, (Prêmio Jabuti de Ilustração 2011) e Desequilibristas (Prêmio FNLIJ Melhor Livro Jovem, 2015).

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