terça, 10 de setembro de 2024
ROTEIRO

Bahia abre as portas dos terreiros para o afroturismo em Salvador

26 AGO 2024 - 18h06Por REDAÇÃO

Um desfile do afoxé Filhos de Gandhy e manifestações culturais, com os tradicionais acarajé e abará, marcaram o lançamento do Roteiro Turístico das Comunidades de Terreiros, no Museu Eugênio Teixeira Leal, no Pelourinho, em Salvador. A iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Turismo (Setur-BA), em parceria com terreiros de candomblé e trade turístico, integra as ações do projeto Agô Bahia e visa valorizar as religiões de matriz africana e incrementar o afroturismo baiano.

O evento contou com a participação de representantes de terreiros e profissionais de agências de receptivo e guias de turismo que atuam na capital e região metropolitana. Na ocasião, também foi lançado um manual com orientações para a comunidade.

“Nós vamos poder proporcionar aos visitantes uma experiência muito rica de conhecer as religiões de matriz africana, mas com todo o respeito. Visitar um terreiro de candomblé é adentrar um templo religioso, uma religião que exige determinados procedimentos”, destacou o titular da Setur-BA, Maurício Bacelar, ao reforçar que o objetivo é incrementar o fluxo turístico neste segmento.

Visibilidade

Nesta primeira etapa, serão alcançadas dez casas, sendo nove na capital e uma na região metropolitana. São elas: Terreiros da Casa Branca, Gantois, Ilê Axé Opô Afonjá, Bate Folha, Zoogodô Bogum Malê Hundó, Ilê Maroialaji Alaketu, Ilê Oxumarê Axé, Ilê Asipá e Hunkpame Savalu Vodun Zo Xwe; em Camaçari, o Manso Kilebemkueta Lemba Furamon.

“Estou vendo o esforço do governo em trazer esse projeto com respeito à casa, às nossas obrigações, aos nossos segredos internos. Por isso que esse projeto vem com tanta força para prestigiar o nosso terreiro, para trazer essa publicidade para a nossa religião”, explicou Rodrigo Codes Oba Tela, ministro de Xangô do Ilê Axé Opô Afonjá, um dos integrantes desta fase. De acordo com ele, ao mostrar os templos, vai ser possível reduzir os preconceitos.


O antropólogo Vilson Caetano, babalorixá do Ilê Obá L’Okê, considera a iniciativa muito importante para as comunidades e povos tradicionais. 

“Esse é um projeto que nos dá visibilidade, porque é algo que acontece a partir de um diálogo preexistente entre a secretaria de Turismo e outras comunidades e terreiros. Ele vai nos ajudar a dialogar mais com a sociedade, sobretudo, mostrando, de fato, a nossa realidade, a nossa comida, a nossa indumentária, o nosso culto, de maneira mais respeitosa e integrativa para todas as pessoas”, pontuou.

Estruturação

O ponto de partida foi a escuta das lideranças religiosas para coletar sugestões. Depois, foram selecionados os templos sagrados, que passaram por melhorias nas instalações e sinalização turística, seguidas de capacitação para atendimento aos visitantes e produção de material informativo. A visita dos profissionais do turismo às casas de candomblé contribuiu para a estruturação do novo roteiro.

Em busca de mais informações sobre a iniciativa, a turismóloga e agente de viagens Magda Souza pretende oferecer pacotes deste roteiro. “A pretensão em relação a esse roteiro como comercialização dos pacotes de viagens é, realmente, participar das capacitações, para que a gente possa organizar isso e oferecer aos visitantes e turistas que venham ao nosso estado”. Como frequentadora de um terreiro, ela ficou satisfeita com a forma como está sendo apresentada à cultura e religiosidade baiana.

A expectativa é de que, nas próximas etapas, terreiros de outras cidades baianas sejam inseridos no roteiro. Para isso, é necessário que as casas demonstrem o interesse junto à Setur-BA. Os agentes e operadores de viagens que tenham intenção de comercializar pacotes neste sentido devem procurar a secretaria para as tratativas.

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