quinta, 25 de abril de 2024
SOS PLANETA

Vídeo impressionante mostra dimensão do impacto dos incêndios

23 DEZ 2019 - 06h21Por SUZANA CAMARGO/CONEXÃO PLANETA

São apenas 92 segundos de duração, mas o vídeo produzido pelo Programa Copernicus, do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo, mostra, de maneira assustadora, como os incêndios florestais afetaram a Terra nos últimos doze meses.

Segundo os cientistas do centro europeu de estudos climáticos, é alarmante constatar que algumas áreas do planeta passaram praticamente 2019 inteiro em chamascaso do centro-sul da África. Enquanto isso, como pode-se ver no vídeo, outras regiões acendem e escurecem, por causa do fogo, diversas vezes ao ano, como na Califórnia, nos Estados Unidos, e alguns estados do Brasil.

“Ao longo do ano, observamos atentamente a intensidade dos incêndios e a fumaça que eles emitiram em todo o mundo. Alguns foram bastante excepcionais. Mesmo em lugares onde esperaríamos ver incêndios em determinados períodos do ano, parte da atividade foi surpreendente”, revelou Mark Parrington, cientista do Programa Copernicus.

O pesquisador explica que incêndios florestais são comuns em todo o planeta, com algumas regiões mais afetadas em determinadas épocas do ano – como ocorre com a Amazônia, todos os anos, no segundo semestre.

Ao monitorarem a atividade dos incêndios florestais, através de medições diárias de “fogo ativo”, os cientistas do Copernicus conseguem estimar as emissões de gases e assim, fornecer informações sobre como a qualidade do ar será afetada, em até cinco dias, em diversas cidades e países.

Poucos sabem, mas incêndios florestais podem provocar um nível de poluição do ar muito maior do que as emissões industriais e produzir uma combinação de partículas, monóxido de carbono e outros poluentes, bastante perigosas para a saúde de toda a vida no planeta.

De acordo com o levantamento realizado pelos europeus, aproximadamente 6.735 megatons de CO2 (dióxido de carbono, gás apontado como o principal responsável pelo aquecimento global) foram lançados na atmosfera por incêndios entre 1o de janeiro e 30 de novembro de 2019.

Perda de vida selvagem na Amazônia e na Austrália

Muitos desses incêndios ganharam as manchetes mundiais e provocaram comoção global (e acusações internacionais), entre eles, os que aconteceram na Amazônia, na Austrália, na Indonésia e até, no Ártico. Entretanto, outros foram menos divulgados, mas também tiveram um efeito significativo no meio ambiente e na qualidade do ar, caso da Colômbia, Venezuela, Síria e México.

Veja o vídeohttps://youtu.be/9rsqpR0aGvY

O relatório destaca que, devido a questões meteorológicas, o fogo que atingiu a Floresta Amazônica foi responsável por levar fumaça até São Paulo. “Além de causar problemas à saúde humana, os incêndios impactaram as 3 milhões de espécies de plantas e animais da Amazônia. Uma grande preocupação com a escala dos incêndios na região é ainda sobre o impacto no ciclo do carbono devido à perda de floresta tropical e à mudança de vegetação”, alertaram os cientistas.

Um estudo realizado pelo WWF-Brasil apontou que animais silvestres e árvores estavam entre as 265 espécies ameaçadas de extinção nas áreas florestais das regiões devastadas pelo fogo na Amazônia, entre os meses de agosto e outubro (leia mais aqui, nesta reportagem que reproduzimos da agência Amazônia Real).

Na Austrália, os incêndios florestais também provocaram perdas irreparáveis no meio ambiente. Estima-se em mais de mil o número de coalas mortos por causa do fogo.

No estado americano da Califórnia, o cenário não foi diferente, todavia, os mais atingidos foram os seres humanos. Lá, os incêndios florestais deixaram quase 200 mil pessoas sem casa e mais de 2 milhões sem eletricidade.

Mudanças climáticas x incêndios florestais

Como já expliquei em outros textos aqui no Conexão Planeta, assim como na Califórnia, incêndios florestais sempre foram comuns na Austrália. As duas regiões estão localizadas em áreas de deserto do planeta, e durante o verão, com as temperaturas altas, os focos de fogo se propagam facilmente.

Todavia, em ambos os países, especialistas do clima alertam que, por causa das alterações no clima da Terra, cada vez mais, esses incêndios começam mais cedo, se estendem por períodos mais longos e se tornam mais devastadores.

Em novembro, o fogo foi tão intenso em New South Wales e ao sul de Queensland, que voos foram cancelados nos aeroportos australianos porque a fumaça colocava em risco a visibilidade das aeronaves. Seis pessoas morreram e quase 680 casas foram destruídas. Em Sidney, uma grossa camada de fuligem cobriu a cidade, fazendo com que as autoridades emitissem alertas sobre a má qualidade do ar e seus efeitos prejudiciais sobre a saúde, principalmente de pessoas mais idosas e crianças.

Com informações do Copernicus Atmosphere Monitoring Service
www.conexaoplaneta.com.br

*Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008, escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.

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