sexta, 19 de abril de 2024
SOS ÁGUAS

Rios por um triz: estudo confirma alterações no Prata

10 ABR 2019 - 10h19Por SÍLVIO DE ANDRADE

A cada dia que passa o Brasil agride um pouco mais seus recursos hídricos. Os índices de qualidade dos rios do país, apontam que, um a um, eles vão perdendo lentamente sua capacidade de abrigar vida aquática, de abastecer a população e de promover saúde e lazer para a sociedade. Dos 278 pontos monitorados em 220 rios e córregos, de 17 estados, 74,50%  estão com qualidade precária, no limite máximo para segurança hídrica das populações.

Essa é a principal conclusão do relatório O retrato da qualidade da água nas bacias da Mata Atlântica, que a Fundação SOS Mata Atlântica acaba de divulgar. Em Mato Grosso do Sul, o monitoramento da qualidade da água foi realizado em 13 pontos de coleta dentro da área da floresta, nos municípios de Bodoquena e Bonito, e apontou alterações no Rio da Prata, que podem comprometer todo o ecossistema local, como turbidez constante.

A qualidade regular do Rio da Prata, apontada pelo relatório desde 2018, apenas confirma uma evidência que se acentua em uma região rica em recursos hídricos e, ao mesmo tempo, sensível às alterações ambientais que vem ocorrendo, como desmatamento e falta de controle do solo com o avanço da soja na borda dos mananciais. O Governo do Estado interviu, por meio de decreto, porém a degradação continua, conforme matéria divulgada no Fantástico, da Globo.

Em nota publicada nas mídias, a Ong SOS Pantanal alertou: Bonito pode deixar de ser referência no ecoturismo devido a um problema que ameaça gravemente a cidade, o assoreamento dos rios! “Por causa do desmatamento, durante as chuvas toneladas de barro e agrotóxicos são levados para dentro dos rios de Bonito, deixando-os com uma cor lamacenta, nada parecido com as águas transparentes que deixaram o local tão famoso!”

Observando os Rios, o projeto

O monitoramento da qualidade da água no Estado concluiu que em apenas dois pontos de coleta, em Bodoquena e Bonito, os indicadores aferidos indicaram recuperação: nos rios Formoso e Perdido, que saíram da qualidade regular para boa. Os demais pontos apresentaram qualidade regular da água, dentre os quais o Rio Mimoso. O alerta foi lançado e é o momento de sair da discussão para a execução de um plano rigoroso de controle dessas águas.

O retrato da qualidade da água nas bacias hidrográficas da Mata Atlântica apontado no relatório, é uma contribuição da sociedade para a gestão integrada da água e dos ecossistemas, por água limpa para todos. Os dados e indicadores levantados nos principais rios de oito regiões hidrográficas do país, com base no Índice de Qualidade da Água (IQA), apurados por meio do projeto Observando os Rios, no período de março de 2018 a fevereiro de 2019, reforçam a urgente necessidade de incluir a água na agenda estratégica do Brasil.

Neste ciclo de monitoramento, foram realizadas 2.066 análises da qualidade da água, em 278 pontos de coleta, distribuídos em 220 corpos d’água, em 103 municípios de 17 estados do bioma Mata Atlântica – Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo – e Distrito Federal.

As coletas e análises mensais da qualidade da água foram realizadas por 236 grupos de monitoramento, formados por voluntários e organizações civis que integram o projeto Observando os Rios, com acompanhamento e supervisão da equipe técnica da SOS Mata Atlântica. O retrato da qualidade da água nas bacias hidrográficas da Mata Atlântica apontado neste relatório é uma contribuição da sociedade para a gestão integrada da água e dos ecossistemas, por Água Limpa para todos.

Rios por um triz, o retrato

Os dados e indicadores levantados nos principais rios de oito regiões hidrográficas do país, com base no Índice de Qualidade da Água (IQA), apurados por meio do projeto Observando os Rios, no período de março de 2018 a fevereiro de 2019, reforçam a urgente necessidade de incluir a água na agenda estratégica do Brasil.

Neste ciclo de monitoramento, foram realizadas 2.066 análises da qualidade da água, em 278 pontos de coleta, distribuídos em 220 corpos d’água, em 103 municípios de 17 estados do bioma Mata Atlântica – Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo – e Distrito Federal.

As coletas e análises mensais da qualidade da água foram realizadas por 236 grupos de monitoramento, formados por voluntários e organizações civis que integram o projeto Observando os Rios. A qualidade de água péssima e ruim obtida em 19% dos pontos monitorados evidencia que 53 pontos estão em rios indisponíveis – com água imprópria para usos – por conta da poluição e da precária condição ambiental das suas bacias hidrográficas.

“Os rios brasileiros estão por um triz. Seja por agressões geradas por grandes desastres ou por conta dos maus usos da água no dia a dia, decorrentes da falta de saneamento, da ocupação desordenada do solo nas cidades, por falta de florestas e matas ciliares que protegem os rios e nascentes e por uso indiscriminado de fertilizantes químicos e agrotóxicos. Nossos rios estão sendo condenados pela falta de boa governança”, afirma Malu Ribeiro, assessora da Fundação SOS Mata Atlântica, especialista em água.

O retrato da qualidade da água nas bacias da Mata Atlântica aponta a fragilidade da condição ambiental dos principais rios de 17 estados do país. A qualidade regular da água demanda atenção especial dos gestores públicos e da sociedade, pois esse indicador demonstra que a condição é frágil e está no limite dos padrões definidos na legislação para usos menos restritivos, como recreação, navegação, irrigação e abastecimento público mediante tratamento avançado.

Alterações da qualidade da água do Rio da Prata em destino turístico de Jardim: desmatamento com o avanço da soja

Manutenção das matas

Rios e águas contaminadas são reflexos da ausência de instrumentos eficazes de planejamento, gestão e governança. Refletem a falta de saneamento ambiental, a ineficiência ou falência do modelo adotado, o desrespeito aos direitos humanos e o subdesenvolvimento. Para reverter esse caricato e desumano retrato, este trabalho destaca exemplos de rios, riachos e nascentes que vêm sendo recuperados por suas comunidades, organizações e movimentos que transformam e se engajam na revitalização das águas.

Os indicadores de qualidade de água boa e perenes apontados neste estudo, ou seja, aqueles que se mantêm nessa condição ao longo de anos e de continuados ciclos hidrológicos, comprovam a relação direta com a existência da floresta, de matas nativas e de áreas protegidas. O inverso também está demonstrado por meio da perda de qualidade da água nos indicadores ruim e péssimo obtidos quando se desprotege nascentes, margens de rios e áreas de manancial, com o uso inadequado do solo e o desmatamento.

Reconhecer essa importante relação da Mata Atlântica e das florestas com a qualidade e a quantidade de água é tão natural como se reconhecer no reflexo do espelho do rio mais próximo de você.  Água limpa para todos é a causa que a Fundação SOS Mata Atlântica e os mais de 3.500 voluntários que realizam este monitoramento apontam para ser incluída na agenda de desenvolvimento do Brasil.

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