“Vivemos o caos na administração”, resumiu o prefeito corumbaense Gabriel Alves de Oliveira (PSB), ao abrir a coletiva de imprensa, na manhã desta segunda-feira, em seu gabinete. Ele relatou os problemas financeiros e estruturantes para tocar a cidade abandonada pela gestão do tucano Marcelo Iunes.
O montante do rombo é de R$ 34 milhões, dívidas estas vencidas. “A cada dia somos surpreendidos com uma dívida vencida”, disse.
A prefeitura, hoje, enfrenta problemas graves na saúde, onde faltam médicos e medicamentos, impactando no atendimento à população; o Hospital de Caridade, sob intervenção, tornou-se um cabide de empregos (são quase 600 funcionários) e acumula dívidas de R$ 130 milhões; há um desmanche na estrutura e equipamentos dos prédios públicos, incluindo escolas e unidades de saúde; são 21 obras inacabadas ou não iniciadas com verbas garantidas.
“Somos obrigados a tomar atitudes duras”, reagiu o prefeito, ao lado da vice, Bia Cavassa e secretários. Dos 600 cargos comissionados na gestão passada, foram ocupados 181 (50% por servidores efetivos), com redução de R$ 2 milhões na folha de pessoal.
O problema maior é no Hospital de Caridade, onde foi constatado empreguismo de 150 pessoas sem função específica, apadrinhados pelo ex-prefeiro Marcelo Iunes. “Vamos buscar o dinheiro para indenizar esse pessoal”, comentou Gabriel.
Um novo hospital
O hospital, único na região para atender também Ladário e as cidades vizinhas da Bolívia, é um ônus sem fundo para a prefeitura com a contratualização, iniciada em 2010. O Ministério Público cobra a construção de uma unidade hospitalar regional, agora prometida pelo governador Eduardo Riedel.
A prefeitura recorreu ao Estado para garantir a manutenção do hospital, cujo novo convênio será assinado em breve, e pagou, recentemente, dois meses do repasse mensal também não realizado pela administração passada, no valor e R$ 2,4 milhões. “O hospital é uma nova prefeitura”, desabafou o prefeito.
Serviços essenciais
Envolvido com a crise instalada na saúde, o prefeito, que é médico, já autorizou a contratação de médicos, porém encontra dificuldades para compra de medicamentos e outros itens devido a suspeição sobre o sistema de licitação, que passa por reformulação.
Dos 81 veículos da secretaria de Saúde, apenas 21 estão em condições de uso, e uma unidade de saúde passou oito meses sem energia elétrica, relatou o prefeito.
Apesar do desarranjo administrativo e financeiro, Gabriel Oliveira garantiu que os serviços essenciais à população estão sendo realizados, com prioridade na saúde, educação e infraestrutura urbana, enquanto a prefeitura faz um levantamento da situação dos prédios públicos para orçar a recuperação estrutural e funcional.
A gestão também atua para garantir o cumprimento de alguns projetos, como a construção de casas no Bairro Guatós, que exigem contrapartidas do município não cumpridas pelo prefeito anterior.
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