Anunciado como um projeto ousado e emblemático para atrair milhares de turistas do Brasil e do mundo e avançar o conhecimento científico da ictiofauna da maior planície alagável, o Aquário do Pantanal, em construção em Campo Grande, tornou-se uma obra ao mesmo tempo celebrada a odiada – e hoje paralisada, por suspeita de superfaturamento e outros delitos que maculam a gestão pública. Sua conclusão significará 150 mil turistas/ano na cidade.
A contaminação do projeto pela corrupção e falta de planejamento, no entanto, não tira o mérito e grandeza quanto a sua concepção objetiva como Centro de Pesquisa e Estudos da Ictiofauna Pantaneira e sua contribuição ao desenvolvimento da economia local por meio do turismo. No entanto, parte da mídia e alguns segmentos fazem campanha negativa por desconhecimento de causa.
Além de um extraordinário monumento de atração turística, o espaço servirá como o maior centro de difusão do conhecimento sobre a biodiversidade pantaneira. Os impactos científicos e tecnológicos para o Brasil, Mato Grosso do Sul e o bioma Pantanal serão incalculáveis. O aquário vai oferecer oportunidade única para estudantes, cientistas e pesquisadores se aprofundarem sobre questões ambientais.
Há um ano, empresários do turismo, apoiados pela Fecomércio, manifestaram ao governo a importância do empreendimento (e sua conclusão) para toda a cadeia do setor. “Campo Grande há muito tempo é carente de um atrativo de peso que motive o turista a vir, ficar um dia ou dois dias a mais. Hoje a Capital acaba servindo de corredor para os turistas que passam em direção ao Pantanal ou Bonito”, diz o empresário Sebastião Rosa.
Polo de atração
Ao longo das últimas décadas, diversos fóruns e conferências internacionais têm debatido alternativas ao modelo de desenvolvimento adotado pela sociedade. A Agenda 21, documento produzido durante a Conferência das Nações Unidades para o Meio Ambiente, de 1992, ressalta a importância dos países promoverem atividades de lazer e turismo ambientalmente saudáveis, fazendo uso de museus, zoológicos, aquários etc
Os aquários são importantes espaços de turismo e lazer para todas as idades, para a educação ambiental e pesquisa voltados à conservação ambiental. Garantem rápido retorno econômico, atração turística de grande potencial e reconhecimento público. Muitas informações geradas, compartilhadas com as universidades. Funcionam como polos atratores de turistas estimulando a economia do setor ao seu redor.
Estamos falando na maior estrutura do gênero de concentração de espécies de água doce. Localizado no Parque das Nações Indígenas, o Aquário do Pantanal será o primeiro de porte internacional do Brasil (com padrão "Word Class Aquarium"), com 17 mil metros quadrados (90m de comprimento e 18m de altura) e 16 grandes aquários internos e cinco externos, com 263 espécies da fauna aquática.
Será concluído
Concentrará espécies de peixes, anfíbios e répteis da fauna sul-mato-grossense, espécies vegetais locais, além de espécies da Amazônia, Bacia do Paraná e do litoral brasileiro, tornando-se referência mundial. Os taques representarão a biodiversidade do Brasil com reproduções de manguezais, mar costeiro, bacia e ornamentais amazônicas, além da fauna e flora do Pantanal e de Bonito. O maior tanque será o do Rio Paraguai, com capacidade total de 1.480 m³ e túnel de acrílico em formato cilíndrico.
A estrutura do projeto assinado pelo renomado arquiteto Ruy Ohtake chama a atenção pelas suas formas ousadas e a reutilização da água da chuva para os aquários e jardins. A área construída terá de 10 mil m2, abrangendo aquários, laboratório, biblioteca e um espelho d’água na parte externa onde ficarão jacarés e plantas típicas do Pantanal. Serão aproximadamente sete mil animais em exposição, subdivididos em mais de 200 espécies.
A grandiosidade do projeto, que será a vitrine do Pantanal e de Mato Grosso do Sul pelo mundo, parece ser insignificante quando se discute a obra, sucessivamente paralisada por demandas judiciais, escândalos e crise. Foram gastos mais de R$ 200 milhões, quando se previa R$ 84 milhões, e não se tem previsão da sua retomada. Mas o governador Reinaldo Azambuja diz que o concluirá porque obra inacabada é prejuízo.
Privatização
Uma das alternativas para concluir o aquário seria a empresa Cataratas do Iguaçu S/A, vencedora da licitação para administrá-lo, assumir a obra e ser ressarcida durante a concessão de 25 anos. O grupo paranaense já administra pontos turísticos como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro; o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, em Pernambuco; o Aquário do Guarujá, em São Paulo; e as cataratas de Foz do Iguaçu no Paraná.
Também é responsável pelo AquaRio, Aquário Marinho do Rio de Janeiro considerado o maior do mundo, que foi inaugurado em novembro do ano passado. A obra no estado carioca começou a ser construída no mesmo período em que o ex-governador André Puccinelli (PMDB) iniciou o Aquário do Pantanal. A diferença é que o AquaRio custou R$ 120 milhões, pagos pela iniciativa privada.
O Aquário do Pantanal, no entanto, não é a única polêmica do gênero no País. O Acquário Ceará, com 21,5 mil m² e 38 tanques e projetado para ser o terceiro maior do mundo de água salgada, também teve sua obra paralisada. Iniciado em 2012, já custou R$ 138 milhões aos cofres públicos e teve apenas 18% dos equipamentos instalados e 75% da estrutura concluída. A última notícia é que o governo cearense vai privatizar a obra por falta de dinheiro.
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