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Pesquisa avalia efeitos de agrotóxico em 700 km do Pantanal

29 JUL 2017 - 11h54Por Redação

A relação entre o uso de agrotóxicos, inseticidas e herbicidas em atividades agropecuárias no planalto da bacia do Alto Paraguai (MT|), e a influência sobre a flora e fauna do Pantanal mato-grossense começa a ser investigada. Pesquisadores de seis instituições de ensino nacionais e internacionais buscam evidências de como o desmatamento e a contaminação por defensivos agrícolas nas cabeceiras dos rios vêm comprometendo a biodiversidade dessa rica região.

As pesquisas são conduzidas por cientistas da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade de East Anglia, no Reino Unido, e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Cenário futuro

Serão 10 áreas de estudo, distribuídas entre a nascente do Rio Paraguai e o Parque Nacional do Pantanal, em Poconé (MT), na divisa de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A equipe de pesquisadores irá percorrer aproximadamente 700 km de Pantanal, com pontos de amostragem montados a cada 70 km.

Nascentes do Paraguai, em Mato Grosso: desmatamento. Foto IHP

A equipe vai estudar populações de mamíferos, aves, anfíbios, répteis, peixes, botânica e a contaminação dessa biota por agrotóxico nos diferentes pontos do Pantanal. Também será analisada a relação da perda da biodiversidade com a incidência de casos de leishmaniose e Doença de Chagas, por meio desses reservatórios capturados. Cada espécie estudada demanda métodos específicos para coleta e análise dos indivíduos.

“Além da contaminação, vamos avaliar o quanto a paisagem está sendo alterada. Para isso, serão analisados dados temporais e especiais. Veremos, nos últimos 30 anos, quanto foi mudando na paisagem, o que isso interferiu na perda de espécies e projetar como vai evoluir”, disse o coordenador do projeto, Manoel dos Santos Filho, doutor em Ecologia que atua há mais de 20 anos com Ecologia de Mamíferos.

Expedições

A primeira expedição foi feita no início deste mês, quando 16 pesquisadores ficaram 15 dias acampados em um ponto no Rio Sepotuba. “Um lugar fantástico, considerando que se trata de um enclave de floresta dentro do Pantanal, com presença de fauna e flora amazônica como, por exemplo, o macaco aranha”, explicou Manoel Filho.

Queimadas tem ocorrido com frequência no Pantanal, mesmo onde não tem a presença do homem. Foto: Sílvio Andrade

O próximo trabalho de campo será realizado na Estação Ecológica de Taiamã, de 03 a 14 de agosto. As coletas são realizadas no período de seca do Pantanal, de junho a novembro, época em que é possível o acesso e encontrar os diferentes grupos de animais. O projeto será executado em três anos.

O estudo vai contribuir com informações relevantes para a tomada de decisões e estabelecimento de políticas públicas, “com olhar especial para as unidades de conservação estabelecidas atualmente ao longo do Pantanal, Estação Ecológica do Taiamã, Estação Ecológica Serra das Araras e Parque Nacional do Pantanal”, ressaltou o professor.

Sobre o estudo

O projeto “Erosão da Biodiversidade na Bacia do Alto Paraguai: impactos do uso da terra na estrutura da vegetação e comunidade de vertebrados terrestres e aquáticos” foi aprovado pelo edital da Fundação de Amparo à Pesquisa de Mato Grosso (Fapemat) nº 037/2016, de apoio a Programa de Redes de Pesquisa.

Também fazem parte os professores Dionei José da Silva, Aurea Regina Alves Ignácio, Claumir Cesar Muniz, Maria Antonia Carniello, Paulo Venere, Carlos Augusto Peres, Joselaine Souto Hall Silva e Olinda Maira Alves Nogueira, além de estudantes de mestrado e doutorado.

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