terça, 19 de março de 2024
AMAZÔNIA

Museu do Amanhã recebe exposição de Sebastião Salgado

01 JUL 2022 - 09h34Por REDAÇÃO

A partir de 19 de julho, o Museu do Amanhã, na zona portuária do Rio de Janeiro, recebe a exposição Amazônia, de Sebastião Salgado, idealizada por Lélia Wanick Salgado, sua esposa, que assina a curadoria. Até dia 29 de janeiro, o público poderá conferir 194 fotografias de tirar o fôlego. O patrocínio master é da Seguradora Zurich, que também apoia o Instituto Terra, projeto dos Salgado de recomposição da mata nativa no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais; patrocínios ouro da Natura e do Itaú
 
Há a grandiosa, deslumbrante, às vezes esmagadora visão da floresta, dos rios, de nuvens e montanhas. Há a beleza e a força dos povos indígenas no seu cotidiano e nas festas, com artefatos, espaços de convivência, expressões de uma miríade de civilizações integradas ao meio. E há o recorte de árvores, animais, margens, várzeas, clareiras. Na imensidão e no detalhe, no poderoso encadeamento da vida mineral, vegetal e animal, ressoa a frase de Sebastião Salgado: “Não são paisagens. É o bioma”. É o todo.
 
Amazônia é o resultado da imersão, por sete anos, de Sebastião e Lélia Wanick Salgado, na região que cobre o Norte do Brasil e se estende a mais oito países sul-americanos, ocupando um terço do continente; e 60% da Amazônia estão no Brasil. A maior floresta tropical do planeta, traduzida pelas lentes e pela cenografia dos Salgado, transforma-se aqui em convite à informação, à reflexão e à ação em defesa do ecossistema imprescindível à vida no planeta. 

“Ao projetar ‘Amazônia’, quis criar um ambiente em que o visitante se sentisse dentro da floresta, se integrasse com sua exuberante vegetação e com o cotidiano das populações locais”, comenta Lélia.

Futuro da floresta

Tomadas por ar, por terra e água, as imagens -- praticamente todas inéditas -, que estão distribuídas em núcleos temáticos, revelam o refinamento e a engenhosidade dos povos da região, alguns pouquíssimo contactados -- em 1500 eram 5 milhões indivíduos e hoje estão reduzidos a menos de 400 mil. “Na Amazônia inteira, a sofisticação cultural [dos povos] é colossal”, diz Salgado, que registrou 12 etnias (das quase 200 remanescentes) para essa mostra.

Sebastião Salgado


 
A voz das comunidades ameríndias, aliás, pode ser efetivamente ouvida em sete vídeos que apresentam testemunhos de lideranças indígenas, sem intermediários. São relatos impactantes sobre a importância da terra, dos rios, da floresta amazônica e dos graves problemas que ameaçam, inclusive, a sobrevivência de indivíduos e de etnias. 

“Esta exposição tem o objetivo de alimentar o debate sobre o futuro da floresta amazônica. É algo que deve ser feito com a participação de todos no planeta, junto com as organizações indígenas”, defende Sebastião Salgado.

Instituto Terra

No espaço expositivo, o ambiente sonoro embala a visão das fotografias com a trilha sonora original do francês Jean-Michel Jarre, elaborada a pedido dos Salgado a partir dos sons da floresta.

A exposição apresenta ainda dois espaços com projeções de fotografias. Uma delas mostra paisagens florestais acompanhadas pelo poema sinfônico Erosão - Origem do Rio Amazonas, de Heitor Villa-Lobos (1887-1959); a outra traz uma sequência de retratos de índios, sonorizada por uma peça de Rodolfo Stroeter especialmente composta.
 
Estas imagens são o testemunho do que ainda existe e o alerta sobre a terrível possibilidade do desaparecimento da vida e da natureza. Para superar o extermínio e a destruição, a informação, a participação e o engajamento é dever de todos, no planeta inteiro.

Arquipélago de Mariuá, Médio Rio Negro. Foto: Sebastião Salgado

Ao final da exposição, o visitante conhece o Instituto Terra no espaço dedicado ao espetacular trabalho de Lélia e Sebastião Salgado, iniciado em 1998 e que empreendeu o reflorestamento de cerca de 600 hectares de Mata Atlântica em Aimorés (MG), plantando milhões de mudas de árvores em extinção.
 
Amazônia em concerto

Paralelamente à exposição, vêm acontecendo, em todas as cidades, concertos trazendo um programa de absoluta afinidade com a mostra: Águas da Amazônia, de Philip Glass, composta em 1998; de Villa-Lobos, o conhecidíssimo Prelúdio das Bachianas Brasileiras n° 4 e, na segunda parte, nada menos que a poderosa Floresta do Amazonas, composta em 1958, que tem a Melodia Sentimental fechando a primeira Suíte da obra. O concerto carioca, marcado para o dia 23 de julho no Teatro Municipal, será regido pela maestrina Simone Menezes, com a Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, grupo ligado à EMESP Tom Jobim (gerida pela organização social Santa Marcelina Cultura) e a soprano Camila Titinger.
 
Ao longo da suíte sinfônica, são projetadas em tela gigante uma seleção de fotografias de Sebastião Salgado, numa verdadeira colaboração artística. “Parece que a música foi feita para as imagens, ou as imagens pra a música”, diz o fotógrafo.

O patrocínio master de Amazônia no Brasil é da Seguradora Zurich; o patrocínio ouro, da Natura e do Itaú.

Serviço
Sebastião Salgado - Amazônia
De 19 de julho a 29 de janeiro de 2022
Museu do Amanhã (Praça Mauá, 1 -- Centro, Rio de Janeiro)
Terça a domingo, das 10h às 18h - livre
Ingressos: inteira: R$ 30 e meia-entrada: R$ 15. Às terças-feiras a entrada no Museu do Amanhã é gratuita.

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