quarta, 24 de abril de 2024
EXPEDIÇÃO

Fotógrafo seguirá o fluxo do Cuiabá aprendendo com o rio

“O Rio das Lontras Brilhantes”, é o nome do novo projeto de José Medeiros

22 ABR 2019 - 17h14Por REDAÇÃO

Quando o artista José Luiz Medeiros diz que tem um projeto novo de fotografia, é certo que se trata de uma viagem com dia e hora para sair, e apenas, uma previsão de chegada. É que é possível que o fotógrafo e documentarista, tenha que estender o cronograma, pois suas incursões exigem muito mais que apenas registros.

O projeto foi lançado no dia 8 de abril, na comemoração dos 300 anos de Cuiabá. “Já venho trabalhando e me preparando h mais de 15 anos para essa expedição que vai percorrer da nascente a foz do Cuiabá. Entre pescadores, ceramistas, agricultores e moradores, quero registar as transformações que o rio apresenta ao longo do seu trajeto e sua importância para as comunidades e cidades que o margeiam”, diz o aventureiro.

José Medeiros, nascido em Campo Grande (MS) e radicado em Cuiabá (MT), realiza expedições em que as trocas culturais são condições sine qua non. Tornou-se um dos profissionais mais respeitos em imagens de natureza e personagens dos sertões.

Zé Medeiros: da fotografia de gabinete ao descobrimento de um novo mundo de belezas naturais e humanas

Vivência do lugar

A novidade agora é a Expedição 300: O Rio das Lontras Brilhantes, em que ele vai percorrer cerca de 980 km pelo Rio Cuiabá, da nascente à foz [sem contar o trecho do retorno], entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Serão 12 meses de uma aventura sem precedentes.

“É maravilhoso o lugar onde ele nasce, na região de Nobres e Rosário Oeste. Um lugar de mata fechada. É mesmo emocionante observá-lo e depois, comparar com a imagem que temos dele, levando em conta as dimensões que conhecemos, como a que vemos na divisão entre as cidades de Cuiabá e Várzea Grande”, testemunha.

Viajando sozinho, mas com auxílio e orientação de moradores das comunidades de dez municípios, ele iniciou a expedição há uma semana, percorrendo o primeiro trecho, de Nossa Senhora da Guia a Santo Antônio. E assim, passa por comunidades diversas, como São Gonçalo, Engordador, Bom Sucesso, Pai André, Praia Grande, Miguel Velho, Engenho Velho, Vale Verde, Porto São José, Praia do Poço, Barranco Alto, Barra do Aricá, Boca do Varador e Croará, entre outras.

Rio Cuiabá, em São Gonçalo: fotógrado vivenciará a vida simples dos ribeirinhos, da nascente à foz do importante rio

Diário de bordo

O segundo trajeto será de Santo Antônio a Porto Cercado, depois de Porto Cercado a Porto Jofre (Poconé) e, por fim, segue até a Serra do Amolar, na foz com o Rio Paraguai, na divisa de Mato Grosso e com Mato Grosso do Sul e fronteira com a Bolívia.

“Estou planejando também um diário de bordo, em que vou contando tudo que vou vivendo, os personagens que vou encontrando pelo caminho. Farei muitas imagens também em 360 graus e é bem possível que, no futuro, estes arquivos sirvam de fonte para pesquisas, que sejam apreciados, revisitados”, revela.

Afinal, seguindo o fluxo das águas, ele se embrenhará pela fauna e flora, se relacionando com as pessoas, ouvindo histórias, vivendo tal qual esses personagens que serão eternizados pelo projeto. 

“Nestas cidades, encontram-se colônias de pescadores, comunidades, quilombolas, áreas indígenas, ribeirinhos, assentados e produtores. Assim, a expedição assume importante papel histórico e antropológico”, aponta o experiente viajante.

Ponte sobre o Cuiabá divide as cidades de Cuiabá e Várzea Grande, em Mato Grosso. Foto: Divulgação

Valor das coisas

É um projeto que começou em 2019, com previsão de conclusão em 2020. Apenas previsão, diz José Medeiros, conhecido como Mamão. No futuro, o projeto deve ser contado também, com as já habituais exposições sinestésicas do artista, com direito a fotografias, vídeos, sons e até, essências.

Segundo Medeiros, o material será um legado para a história de Mato Grosso. Ele pretende documentar em foto e vídeo, através de diversas plataformas multimídias numa série documental sobre a diversidade das comunidades inseridas no percurso, a vivência com as águas fundamentais a formação da bacia platina.

O sucesso deste projeto contribuirá para documentar o patrimônio ambiental e imaterial, vital para a manutenção do equilíbrio ecológico e do patrimônio cultural da região central da cultura brasileira, desde o advento da cultura tupi até os dias de hoje”, pontua. 

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