O grande acontecimento da 12ª edição do Festival de Sobá de Campo Grande, programado para 10 a 13 de agosto, será o ato de registro da tradicional Feira Central como patrimônio cultural imaterial municipal, na categoria lugar. A declaração será oficializada pelo prefeito Marquinhos Trad na abertura do evento, às 19h do dia 10.
“Reconhecimento que valoriza um espaço que se identifica com a cidade e com a essência da nossa gente”, comemorou a presidente da Associação da Feira Central e Turística de Campo Grande (Afecetur), Alvira Appel Soares de Melo. “Passaremos a ser um produto cultural do município e isso agrega valor à feira como centro comercial e de entretenimento, e é motivo de orgulho para toda a comunidade”, acrescentou.
O próximo passo, segundo Alvira Melo, será buscar o reconhecimento estadual e federal, cujo processo, por meio de inventário, está em andamento, também como patrimônio cultural imaterial na categoria lugar. “A feira faz parte da nossa identidade, é o ponto de encontro, da prosa e das diversidades culturais, onde a gastronomia se destaca”, diz ela.
A origem da Feirona
Funcionamento desde outubro de 2006 na antiga Estação Ferroviária, a chamada “Feirona” ganhou espaço nobre e padronizado, tornando-se um dos pontos turísticos da cidade. A transferência das ruas José Antônio, Abrão Julio Rahe e Padre João Cripa para o novo local causou polêmica e muita discussão, na época, mas a ideia já agradava os feirantes que sonhavam com um espaço amplo.
A Feira Central uniu o comércio de hortifrutigranjeiros, produtos caseiros das fazendas e sítios o artesanato e introduziu a gastronomia regional e oriental, com destaque para o espetinho de carne bovina com mandioca amarela, o yakisoba e o sobá, este elaborado e difundido pelos descendentes de Okinawa e muito apreciado pela população e visitantes. Hoje o cardápio é variado
A história do sobá caminhou junto com a feira, fundada por meio decreto, em 4 de maio de 1925, pelo então entendente municipal Arnaldo Estevão de Figueiredo, ex-governador de Mato Grosso. O primeiro local da feira foi na Avenida Afonso Pena e funcionava inicialmente aos sábado e depois na quintas-feira e domingo.
A “Feirona” ainda passaria pela Avenida Calógeras e para a Rua Antônio Maria Coelho antes de, em 1966, por meio de decreto do então prefeito Antônio Mendes Canale, ser fixada entre as ruas José Antônio e Abrão Júlio Rahe. Lá, o espaço ganhou mais força, tomou conta da Rua Padre João Crippa e virou, definitivamente, um local tradicionalmente familiar.
Hoje, a Feira Central e Turística de Campo Grande, ponto de encontro da cidade das pessoas que a visitam, está instalada em um dos antigos pavilhões da Estação Ferroviária, construída em 1914, na rua 14 de Julho, 3.351. Funciona às quartas, quintas e sextas-feiras, a partir das 16h, e abre aos sábados e domingos depois das 12h.
Festival de Sobá
O evento tem, como sempre, um grande apelo gastronômico, social, econômico e cultural ganhando proporção internacional pelo volume de pessoas que comparecem na feira, aliado à movimentação turística que proporciona nesta época na cidade, dentro das festividades do aniversário de Campo Grande, que este ano comemora 118 anos, no da 26.
A programação da 12ª edição do festival, divulgada pela Afecetur, será aberta no dia 10 mantendo, como todos os anos, a cerimônia do saquê, simbolizando e desejando prosperidade. A grande atração da noite será a apresentação ao vivo da dupla Guilherme e Santiago, às 20h, seguindo da cozinha show.
No dia 11, a partir das 19h, apresentação de Tai Chi Chuan, com a Academia Shaolin Norte de Kung Fu e Tai Chi Chuan) de karaokê (com Felipe Hidek Idie e Mary Okabayashi) e cozinha show. No dia 12, apresentações de danças japonesas (Grupo Sakura); do cantor Helder Hohagura; de Taiko (tambores japoneses), do grupo Ryu Kyu Koku Matsuri Daiko e cozinha show.
No dia 13, concurso de Cosplay, apresentações da Academia Brandão Fit e Kids Taekwondo; Odori, com o Grupo Ryubu; Schamissen, com o Grupo Okinawa Ongaku Kenkyukai; Taiko, com o Grupo Kariyushi Taiko; e Wadaiko, com o Grupo Shinsei; e cozinha show. Encerrando o festival, show com o Grupo Sampi.
Características próprias
O sobá servido em Campo Grande não é o mesmo prato do Japão. A iguaria não usa o mesmo tipo de macarrão, que na receita original, tem uma massa de cor mais escura e leva ainda cenoura ralada, frango, saquê, shoyu e um tipo de condimento à base de peixe.
A receita local é uma variação do prato que nasceu na ilha de Okinawa. O prato foi trazido à capital sul-mato-grossense pelos imigrantes japoneses e era refeição dos feirantes. Logo, passou a ser compartilhada com os moradores e acabou incorporada na culinária campo-grandense e hoje tornou-se um sabor regional.
Uma viagem em 360º
O Sebrae é um dos parceiros do Festival de Sobá e montará um estande no pavilhão da feita para apresentar ao público o projeto Brasil Central Turismo, que mostra as belezas naturais de regiões turísticas de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal.
O espaço, aberto todos os dias do festival, contará com óculos rift e cubo de imersão com projeção 360º, bem como vídeos ilustrativos dos destinos e ferramentas interativas de realidade virtual, permitindo ao visitante um mergulho a cenários repletos de sons e aromas locais.
A mostra já rodou o Brasil e foi apresentado em grandes eventos nacionais, como as Olimpíadas do Rio, e foca as seis zonas de ação: Bonito-MS; região do Pantanal ( Corumbá-MS e Poconé-MT); Chapada dos Guimarães-MT; Chapada dos Veadeiros-GO; Pirenópolis-GO; e Brasília-DF.
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