A secretaria de Cultura e Cidadania de Mato Grosso do Sul está finalizando o projeto de instalação da estátua em bronze do poeta maior Manoel de Barros no canteiro da Avenida Afonso Pena, em Campo Grande. O trabalho está sendo tocado a quatro mãos com a prefeitura da Capital, que cedeu o espaço, e a secretaria busca parcerias para bancar o custo da fixação do monumento, que terá um desenho em seu entorno da calçada de Copacabana.
Encomendado pelo Governo do Estado para celebrar o centenário de nascimento do escritor pantaneiro e os 40 anos de criação de Mato Grosso do Sul, o monumento, como afirmou Reinaldo Azambuja, perpetuará a obra e a figura singular de um ícone da literatura brasileira com reconhecimento mundial. Manoel de Barros morreu aos 97 anos, em 2015.
“É uma honra para nós homenagear uma pessoa que deu sua vida pela natureza, pelo nosso Pantanal, uma pessoa além do seu tempo”, disse o governador.
Sentado de forma despojada em seu velho sofá e com um sorriso radiante, o poeta maior Manoel de Barros vive na obra do premiado artista plástico campo-grandense Ique Woitschach, cujo projeto foi concluído e entregue ao governo em abril deste ano. A escultura é rica em detalhes, desde o sorriso cativante do poeta, aos seus trajes simples, as pernas cruzadas, o tênis surrado, ao lado de caramujos e do ninho de pomba, com os quais dialogava e se inspirava entre imagens, lembranças e metáforas. “O poeta é promíscuo dos bichos, dos vegetais, das pedras”, escreveu.
Seu quintal
O local para instalação da estátua de Manoel de Barros foi definido pelo seu autor e técnicos da secretaria estadual de Cultura e Cidadania e do Sesc, instituição que ficará responsável pelos cuidados da obra. O quintal do poeta ficará na Avenida Afonso Pena, entre as ruas 13 de Maio e Rui Barbosa, quase em frente ao antigo quartel do Comando Militar do Oeste (CMO). O monumento se abrigará entre duas árvores centenárias da espécie figueira.
“Estamos vivenciando um momento único, perpetuando a imagem de um cuiabano que escolheu nosso Estado para viver e amar, oportunizando as pessoas e aos visitantes a emoção de sentarem-se ao lado do poeta e vivenciarem a figura emblemática que era e se tornou tão querido pelos sul-mato-grossenses”, disse o governador, avalizando o espaço escolhido para a fixação da estátua, ao lembrar que Manoel de Barros disse que gostaria de ser uma árvore.
Maior emoção
Medindo 1,38 metro de altura (incluindo o pedestal de fixação da base de concreto) por 1,60 metro de largura, a escultura em tamanho real apresenta algumas características que somente vivenciará quem teve contatos mais próximos com o poeta. Ique Woitschach, que mora no Rio de Janeiro desde jovem e trabalhou como cartunista para grandes grupos de comunicação, como Jornal do Brasil, Rede Globo e Estadão, revelou detalhes, como o relógio no seu pulso, que marca o amanhecer e o anoitecer, e o dedo indicador torto da mão direita.
“Esse primeiro trabalho em minha terra também marca meus 40 anos de carreira e materializa toda a emoção que me acompanhou durante toda sua concepção”, explicou o artista de 59 anos. Ele contou que, além de fotos e vídeos, buscou informações juntos aos familiares de Manoel de Barros e o contato com os objetos que o cercavam, como o sofá, e o ambiente do seu antigo apartamento no Rio de Janeiro, para captar suas energias. “Estive na casa dele, sentei nesse sofá, percebi sua presença.”
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