quinta, 18 de abril de 2024
AMAZÔNIA

DESMATAMENTO CRESCEU 17% NO PRIMEIRO SEMESTRE

Foram 326 km de área desmatada somente na última semana do mês

09 JUL 2021 - 10h08Por REDAÇÃO

Os alertas de desmatamento para a Amazônia em junho mostram um crescimento de 17% em relação ao primeiro semestre do ano passado, com uma área de 3.610 km2 desmatada em 2021. Foram 1.062 km2 apenas em junho, novo recorde, o que faz deste montante o maior valor aferido no sexto mês pelo menos desde 2016. Apenas o estado do Pará, que perdeu 438 km2 de florestas, responde por 41% de todo o desmatamento na região durante o mês de junho.

O ritmo de desmatamento da Amazônia em 2021 indica que pelo terceiro ano consecutivo a floresta perderá em torno de 10 mil km2. Esse patamar é 60% superior à média da década anterior ao seu governo (2009-2018), que era de 6,4 mil km2. A meta apresentada pelo general Hamilton Mourão para a nova fase de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na Amazônia não altera esse cenário. A redução de 12% em relação a 2020, proposta pelo Vice-presidente, permitiria apenas retroceder ao nível de desmatamento alcançado em 2019, quando o desmatamento havia crescido quase 30% em relação ao ano anterior.

Com o Cerrado, a situação não é diferente: a destruição do segundo maior bioma do Brasil, considerado a caixa d'água do país devido ao grande número de bacias hidrográficas que nascem nele, cresceu 16,9% em junho e 6,3% no acumulado do primeiro semestre, na comparação com 2020. A área natural perdida em junho e nos primeiros seis meses deste ano é de 511 km2 e 2.638 km2, respectivamente.

"É rápido desconstruir. O governo Bolsonaro perdeu duas décadas de combate ao desmatamento em dois anos. Provavelmente precisaremos de outras duas para recuperar o legado desse desmonte", ressalta Maurício Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil. "A destruição da Amazônia e do Cerrado coloca em risco a segurança hídrica do país e, por consequência, nossa segurança energética, com sérias consequências para toda a economia.  Essa provavelmente será a herança deste governo", completa.

Desmatamento sem controle, denunciam organizações ambientais. Foto: Fapesp

Incompetência e omissão

Apesar dos números crescentes, o governo federal insiste em manter uma operação cara e comprovadamente ineficaz em lidar com o problema, enviando as tropas militares através da GLO, para combater o desmatamento. Dessa forma, validando a política antiambiental do atual governo que fragilizou órgãos de fiscalização, como Ibama e ICMBio.

"É mais um triste recorde para a floresta e seus povos, esse número só confirma que o Governo Federal, não tem capacidade de combater toda essa destruição ambiental. Enviar o exército à Amazônia, somente neste momento em que o fogo e a devastação estão, mais uma vez, avançando sobre a floresta, é uma estratégia tardia e equivocada, deixando evidente que na verdade não há interesse em combater o desmatamento", declara Rômulo Batista, porta-voz da campanha Amazônia do Greenpeace.



Esse tipo de operação vem, há dois anos, mobilizando recursos públicos muitas vezes superiores ao orçamento anual do Ibama para fiscalização e um grande número de militares, sem efetividade na prevenção do desmatamento e queimadas, o resultado é o aumento desses números. Além de não evitar o desmatamento, o próprio governo divulgou os 26 municípios onde atuarão as Forças Armadas, o que compromete o "elemento surpresa" necessário para encontrar e punir criminosos.

Falta vontade política

Estamos vivendo uma crise climática que se agrava com esses recordes de queimadas e desmatamentos, os reflexos no Brasil já podem ser vistos, como por exemplo a crise hídrica, causando o aumento da conta de luz e a aumento no preço dos alimentos.

Imagem de desmatameno registrada pelo Greenpeace durante sibrevoo no estado de Roraima em abril de 2021

Mas, ao invés de prevenir e combater o crime ambiental, esquemas organizados e patrocinados por grandes proprietários e grileiros de terra encontram-se amparados pelo esvaziamento das políticas de proteção ambiental, das atividades de fiscalização e pelas sinalizações vindas também do Congresso Nacional, que vem atuando para legalizar o ilegal. Exemplo são os Projetos de Lei 2633/2020 e 490/2017 que anistia grileiros e abre terras indígenas para atividades predatórias - respectivamente.

"Ao invés dos parlamentares estarem focados em conter os impactos da pandemia e combater o crime que avança na floresta, e que não só queima nossas riquezas naturais, mas também a imagem e a economia do país, eles tentam aprovar projetos que irão acelerar ainda mais o desmatamento, os conflitos no campo e a invasão de terras públicas”, critica Rômulo.

“Nosso país – finaliza - não precisa da aprovação destes projetos, e o presidente da Câmara dos deputados, Arthur Lira, não deve pautar o PL da grilagem e muito menos o PL 490 que é um ataque direto aos direitos dos povos indígenas. O que precisamos é de vontade política para avançar no combate ao desmatamento, queimadas e grilagem de terras".

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