domingo, 13 de outubro de 2024
CORUMBÁ

DESABAMENTO DO TETO DE CASARÃO HISTÓRICO REVELA ABANDONO DO PORTO GERAL

09 SET 2024 - 05h22Por SILVIO DE ANDRADE

A queda da estrutura de madeira de um prédio centenário do porto geral de Corumbá, na tarde de sábado (7), não teve vítimas (apenas danos materiais), porém expôs uma situação que ocorre já há algum tempo: o abandono de casarões que compõem o conjunto arquitetônico tombado como patrimônio histórico nacional e a orla portuária, que deveria ser o cartão postal da cidade.

A maioria dos prédios do Casario do Porto não tem manutenção, está em processo de deterioração estrutural e não há fiscalização dos órgãos competentes, como a própria prefeitura e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que tem sede no local. O espaço público em frente ao imponente casario também sofre depredações e acumulo de lixo.

Cachorro foi resgatado sem ferimentos pelos bombeiros em meio aos escombros 

Cão sobrevivente
O desabamento do telhado do prédio situado na rua Manoel Cavassa, número 19, próximo à Alameda Cunha e Cruz (um dos acessos da parte alta da cidade ao porto geral), é um alerta para a gravidade da situação em que se encontra a área tombada, gerando reclamações de comerciantes e turistas. As únicas edificações preservadas são as ocupadas por agências de turismo, Marinha e uma organização não governamental.

O prédio onde ocorreu o sinistro, onde também funcionou uma agência de turismo, era ocupado por uma família que mantinha no local um ateliê de costura. No momento do desabamento não havia ninguém no seu interior, apenas um pequeno cachorro, que foi encontrado e resgatado com vida pelos bombeiros em meio aos escombros. 

As causas do desabamento ainda estão sendo investigadas pelo Corpo de Bombeiros e Defesa Civil Municipal, contudo a precariedade da estrutura do teto deve ter provocado o incidente. A fachada do prédio resistiu ao impacto e se manteve de pé, mas com rachaduras que podem comprometer sua estrutura. O imóvel será interditado e passará por avaliação técnica.


Risco iminente

O superintendente municipal de Proteção e Defesa Civil, Isaque do Nascimento, informou que um levantamento preliminar, realizado logo após o sinistro, constatou que o prédio não tem condições mínimas de ocupação por falta de segurança, agravada por ausência de manutenção ao longo dos anos. Constatou-se a fragilidade do teto e as demais instalações internas.

“Vamos verificar no aprofundamento desse levantamento quais eram as condições legais de funcionamento do ateliê montado no prédio. Uma questão é, sendo um comércio, se teria certificação de segurança para uso, que é dado pelo Corpo de Bombeiros”, explica o superintendente, adiantando que o termo de interdição do prédio deverá ser expedido nesta segunda-feira.

A vistoria realizada pela Defesa Civil Municipal, no sábado, confirmou a deterioração de vários prédios do conjunto arquitetônico tombado pelo Iphan em 1993. Os imóveis situados ao lado do casarão onde o teto ruiu, todos fechados, também se encontram em risco iminente de desabamento por condições precárias - por abandono ou falta de manutenção.

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