terça, 23 de abril de 2024
ESPELEOLOGIA

Congresso homenageou a madrinha das grutas de Bonito

18 JUN 2019 - 08h14Por SÍLVIO DE ANDRADE

Responsável pelas primeiras iniciativas e estudos que resultaram no tombamento e proteção das grutas de Bonito, em especial a do Lago Azul, até então desconhecidas na década de 1980, a ativista cultural, poética e escritora Lélia Rita Euterpe de Figueiredo Ribeiro foi homenageada durante o 35º Congresso Brasileiro de Espeleologia, que aconteceu de 19 a 22 de junho na capital brasileira do ecoturismo.

Será a primeira vez que Bonito receberá o evento, onde serão apresentados os avanços das pesquisas, explorações, documentação, gestão e conservação do rico patrimônio espeleológico do Brasil. O tema “Carste, cavernas e água para os próximos 50 anos”, norteará o evento que reunirá grandes palestras, mesas redondas, apresentação de trabalhos, encontros técnicos, minicursos e saídas de campo.

Lélia de Figueiredo é considerada uma referência em se tratando das grutas de Bonito, pelo papel fundamental que teve para as bases do turismo na região e, em especial, na preservação das cavernas até então desconhecidas até 1982, quando apresentou à comunidade espeleológica, durante congresso em São José dos Campos (SP), uma sessão de slides do Lago Azul e Nossa Senhora Aparecida.

“Ela fascinou a todos, a imagem do forte azul do lago foi marcante, e a lembrança de vê-la pela primeira vez, mesmo por imagem, foi algo extraordinário para todos ali presentes”, lembra o geólogo Paulo Boggiani, autor de um trabalho pioneiro ao mapear os atrativos naturais que norteou a estruturação do ecoturismo local. Boggiani atuou na Universidade Federal de MS (UEMS) e hoje é professor na USP.

oooooLélia Rita de Figueiredo

Amor e paixão

Antes do referido congresso, Lélia Rita havia intercedido para a compra das duas grutas pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, as quais ficaram sob a responsabilidade da Empresa de Turismo de Mato Grosso do Sul – MSTUR. Naquela época, não havia definição da propriedade de cavidades naturais subterrâneas, as quais, atualmente, são consideradas pertencentes à União, pela Constituição Federal.

Dada à sua preocupação pelas grutas, Lélia Rita, como diretora do Departamento de Cultura de Mato Grosso do Sul, da Secretaria de Desenvolvimento Social, providenciou o primeiro mapa da Gruta do Lago Azul. “Imaginem a surpresa do topógrafo contratado para isso, ao chegar na gruta com seu teodolito. Ai coube a ele, Elcínio Silveira Cavalheiro, posicionar seu tripé em proeminência na entrada da gruta e fazer visadas até o seu interior”, relata Boggiani.

Em seguida, Lélia de Figueiredo apresentou ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) o projeto Preservação e Adequado Manejo Turístico das Grutas de Bonito, proposta aprovada em 1984 que suscitou os estudos mais detalhados dos monumentos naturais e deu base para o seu uso turístico adequado. “De uma certa forma, estaremos reunidos em Bonito graças a ela”, citou o geólogo.

“Sua contribuição, para valorização e divulgação da Cultura e Natureza de Mato Grosso do Sul, deve-se ao amor e paixão que tem pelas coisas desse Estado a qual, certamente, serviram de bases sólidas para estruturação do turismo ecológico que se desenvolve na região”, enfatizou Boggiani, um dos homenageados pelo Festival de Inverno de Bonito em 2016.

O congresso

O 35º Congresso Brasileiro de Espeleologia foi realizado no Centro de Convenções de Bonito (CCB). Entre as palestras, destacaram-se: “O licenciamento ambiental no contexto da Serra da Bodoquena: Singularidades e lacunas deste contexto”; “Geologia da Serra da Bodoquena e os 40 anos de atividades espeleológicas na região”; “Espeleomergulho no Brasil e as cavernas subaquáticas da Serra da Bodoquena”; “Cavernas como lugares de memórias” e “Cavernas: Atlas do Brasil Subterrâneo”.

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