A situação financeira de Ladário é pior do que a encontrada em Corumbá, cidade vizinha que tem quatro vezes a população e uma receita de R$ 1 bilhão. Ontem, o prefeito ladarense, Munir Sadeq Ramunieh (PSDB), comunicou que as dívidas da prefeitura passam de R$ 36 milhões (em Corumbá, foram R$ 30 milhões), além de R$ 10 milhões de um empréstimo do FINISA (Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento), que não aparece na contabilidade.
Somente de contas empenhadas a pagar a fornecedores desde 2023 somam R$ 17,8 milhões, as quais a prefeitura está negociando e parcelando para garantir o atendimento de serviços essenciais à população. A dívida com a Sanesul é de R$ 10 milhões, sendo R$ 8 milhões ajuizados, e com a Energisa, R$ 2 milhões. A gestão passada não recorreu às ações ajuizadas por terceiros e o município foi condenado à revelia a pagar R$ 5 milhões.
Pedalada fiscal
“Temos uma surpresa a cada minuto”, disse o prefeito, ao detalhar o levantamento parcial que está sendo feito na contabilidade da prefeitura. Além do rombo deixado, Munir assumiu com salários de dezembro não pagos a uma parcela de servidores da educação e saúde e a 88 estagiários. Ele acusa o ex-prefeito, Iranil Soares, de praticar uma “pedalada” fiscal no final do ano, ao desvincular um repasse federal para a educação, que tem seu fundo próprio (Fundeb).
Ao abrir a caixa preta da prefeitura, como prometeu, o prefeito constatou que entre as dívidas incluem o não pagamento de fornecimento de urnas fúnebres, a conta de telefone acumula R$ 15 mil e o município tem contratos de locação de imóveis fechados há um ano, um dos quais com R$ 62 mil de débito de água. Em algumas secretárias foi cortado o sinal de internet por falta de pagamento e R$ 4 milhões de compras empenhadas, sob suspeita, estão em análise.
Crivo da Justiça
“Cometeram todo tipo de crime e a impressão é que foi consciente, talvez por amadorismo, mas também por negligência, má gestão do dinheiro público e má fé”, comentou Munir, que pretende enviar o levantamento contábil para o Ministério Público e pedir inspeção do Tribunal de Contas. “Vamos pedir o crivo da Justiça, quem errou, vai pagar. Estamos correndo o risco de ter as contas bloqueadas por causa dos desmandos da outra gestão”, disse.
Apesar da gravidade da situação financeira para um município que arrecada R$ 130 milhões anuais, o prefeito está otimista. “É uma situação que até nos estimula, vamos sanar as finanças e colocar Ladário no eixo”, prometeu. Em seis meses, pretende reconstruir a cidade, que estava abandonada, investindo cerca de R$ 30 milhões em infraestrutura (asfalto em linhas de ônibus) e recuperação de espaços públicos, com recursos do Governo do Estado e emendas federais.
Munir relatou que sua gestão está empenhada também em recuperar recursos federais e estaduais que voltaram à origem porque a prefeitura não apresentou projetos nos prazos determinados, dentre os quais R$ 5 milhões liberados pela Caixa Econômica Federal para asfalto. Também adiantou que começou um mutirão para recuperação do Paço Municipal e outros prédios do município com a ajuda voluntaria dos servidores e apoio do comércio, que está doando material.
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