quarta, 24 de abril de 2024
VOLTA EM 2022

RALI DE CANOAGEM IMPULSIONOU O TURISMO EM BONITO HÁ 30 ANOS

04 NOV 2021 - 06h03Por SÍLVIO DE ANDRADE

Vou escrever este texto no pessoal porque quando se fala em Rali Brasileiro de Canoagem o assunto palpita o coração de um jornalista então com 36 anos, correspondente do Jornal do Brasil (RJ) – um dos principais veículos da imprensa brasileira -, que reportou em 1989 uma dos maiores eventos nacionais de esporte radical nas águas do Rio Formoso, em Bonito.

O recém empossado presidente da Confederação Brasileira e Canoagem (CBCa), o aquidauanense Rafael Girotto, 31 anos, anunciou que uma das suas metas para 2022 é retomar o Rali de Descida em Bonito, onde a competição foi realizada durante cinco anos e nunca mais aconteceu por problemas de patrocínio com a prefeitura local, à época.

Primeiro rali foi destaque no JB

Ganha o esporte e ganha o turismo de Mato Grosso do Sul, sobretudo a Capital do Ecoturismo, cujas belezas naturais foram descobertas pelo Brasil e pelo mundo por meio das reportagens veiculadas naquele outubro de 1989 pela Rede Globo e pelo Jornal do Brasil. O evento também despertou no empresariado local o grande filão que a natureza proporcionaria.

O rali de Bonito, segundo Rafael Girotto, é uma prova diferenciada pelo grau de dificuldades em um trecho de 28 km de águas calmas e cristalinas, dezenas de cachoeiras, algumas de cinco metros, e corredeiras, com a natureza em volta. A CBCa pretende acertar ainda este ano a realização da prova com a prefeitura de Bonito. Tem tudo para ser o maior evento na cidade em 2022.

Rafael Girotto, novo presidente da CBCa

Tomando banho de rio

Os esportes radicais estavam em alta no Brasil, ganhando espaços e visibilidade na imprensa e adesão dos jovens, e pautei o rali para o jornal. Não apenas foi aprovada, como abriria uma série de reportagens sobre essa nova tendência do esporte de aventura associado à natureza. O editor pediu para descrever esse canoísta, e assim o fiz: o atleta das águas, o seu guardião.

O rali teve chamada na capa e rendeu uma bela página na seção do esporte – uma das poucas lembranças que guardei em mais de oito anos como correspondente. A impressão ainda era em preto e branco. Foi uma diversão fazer a matéria, com a velha Pentax sempre à tiracolo. Passava o dia no Balneário Municipal, onde os atletas estavam acampados, tomando banho de rio...

Belezas naturais e alto grau de dificuldades em águas cristalinas devem atrair atletas de todo o mundo em Bonito

A matéria abriu assim: “o nome da cidade é Bonito e o rio que corre na região é o Formoso. Justiça seja feita para esse pedaço de natureza sul-mato-grossense...”. Na época, a canoagem ainda era um esporte de classe média, devido ao custo dos equipamentos e deslocamento para os locais de prova. E a próxima Olimpíada, em Barcelona (1992), era um sonho distante.

O jovem canoísta da foto

Pinho foi campeão brasileiro. Ganhou índice para o mundial, mas não teve patrocínio

A notícia da reinclusão de Bonito no circuito nacional da canoagem não trouxe apenas lembranças das boas coberturas jornalísticas em um tempo analógico. O vai-e-vem da vida, com tantos encontros e desencontros, nos surpreende, às vezes. E agora, morando em Bonito, fui encontrar o canoísta que aparece nas imagens que fiz do caiaque vencendo as cachoeiras.

Dupla coincidência, aliás: Eurípedes Pinho, hoje professor de educação física e dono de academia na cidade, é aquele jovem de 17 anos que se superava no equilíbrio do caiaque e foi clicado por mim, saindo do Balneário Municipal. É ele, também, tio do novo presidente da CBCa. Aquidauanense, Pinho despontou na canoagem, profissionalizou-se e chegou a ganhar provas nacionais.

“É um sonho o retorno do rali em Bonito, onde a natureza intacta e a qualidade da água atraíram atletas do Brasil e estrangeiros. Foi uma grande vivência em cinco anos de disputa. O rali contribuiu para o pontapé inicial do turismo em Bonito”, diz Pinho, 49 anos. “Descobrimos, depois, que o rali faz parte do calendário da cidade e deve ser realizado em outubro, é lei”, conta.

Leia Também

Relatos de viagem

A decoada, o armau e história de pescador no Pantanal do Nabileque

Mais Relatos de Viagem

Megafone

Todo equívoco humano é satirizável. Enquanto houver ser humano com suas carências, inseguranças e dúvidas, haverá sátira

Ziraldo (1932-2024)

Vídeos

Bonito, um convite à sustentabilidade

Mais Vídeos

Eco Debate

ARMANDO ARRUDA LACERDA

Pantanal expõe: vamos resetar velhos preconceitos?

NELSON ARAÚJO FILHO

Uma história de areias

HEITOR RODRIGUES FREIRE

Feliz Ano Novo