A Polícia Militar Ambiental (PMA) investiga um possível ataque de onça-pintada ao caseiro do pesqueiro Touro Morto, no Pantanal de Miranda, a cerca de 220 km de Campo Grande, nesta segunda-feira, 21. O fato ocorrido nas margens do Rio Aquidauana, em Miranda. As investigações contam com o apoio de um helicóptero da PM e drone.
A suspeita surgiu após o desaparecimento de um homem conhecido como Jorginho, funcionário do local. Marcas de sangue e pegadas foram encontradas no pesqueiro. Vídeos que circulam em grupos de pesca mostram rastros e indicam como o ataque pode ter acontecido.
Até o final do dia, imagens de drone não conseguiram localizar o homem. No local, foram encontrados rastros de onça e sangue na passarela do pesqueiro. De acordo com a PMA, a perícia está a caminho para acompanhar a apuração do caso.
Aguardar perícia
Apesar da gravidade do incidente, especialistas afirmam que ataques de onça são incomuns. Segundo o médico veterinário e doutorando em Ecologia e Preservação pela UFMS, Diego Viena, esse tipo de ocorrência é considerada rara
“Esses casos são raros, não só no Pantanal, como em toda a área de distribuição das onças, mas acontecem. Pontualmente e de forma rara, mas acontecem.”
Viena afirma que é necessário aguardar a perícia da PMA e das demais forças para confirmar o que de fato ocorreu. “Com essas informações, com esses relatos, entender melhor a situação e, a partir daí, tecnicamente, responder isso para tentar entender a situação.”
O médico veterinário faz alertas nas redes sociais sobre a interação de humanos e onças, como uma forma de promover a consciência ambiental para a coexistência
Hipóteses
Embora os ataques sejam raros, o especialista explica que existem situações que podem facilitar o contato entre onças e humanos. “Seja uma fêmea com filhote, seja macho e fêmea no período da cópula, ou também pontos de ceva.”
A ceva é uma prática em que alimentos são oferecidos aos animais para atraí-los, geralmente com fins turísticos. O ato é considerado crime ambiental e pode mudar o comportamento natural das onças.
“Normalmente, quando uma onça vê um ser humano, ela não associa a nossa presença com alimentos, mas a partir do momento que esse alimento é sempre fornecido por seres humanos, essa aproximação tende a acontecer com maior frequência".
Ele também destacou que a região do Touro Morto já possui histórico de pontos de ceva, o que pode ser um fator relevante na investigação. “A gente tem um histórico aí na região do Touro Morto, nos rios Miranda e Aquidauana, de relatos, e até a PMA já atuou em pontos de ceva no ano passado, inclusive. Não estou dizendo que foi esse o caso [de ceva], mas tecnicamente que a gente pode falar isso: que existem situações que favorecem um caso de ataque”, completa Viena.
Treinamento
O especialista lamentou o caso ocorrido no Pantanal e reforçou a importância de se esperar a perícia antes de qualquer conclusão. “De qualquer forma, uma fatalidade que a gente está vivendo e agora vamos esperar o da perícia para se posicionar melhor ainda.”
Viena alerta para a importância do preparo de quem trabalha em áreas com presença de onças. “É muito importante que funcionários de pesqueiros, de pousadas, de hotéis que estão no Pantanal, assim como em qualquer lugar, tenham um treinamento.”
O último caso registrado na região aconteceu em agosto de 2023, quando um trabalhador rural foi atacado por uma onça enquanto manejava o gado em Corumbá. Ele teve ferimentos graves, mas sobreviveu após ser socorrido por uma equipe do Corpo de Bombeiros.
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