quarta, 24 de abril de 2024
LIVRO

As relações ecológicas nas crônicas de um naturalista

14 NOV 2018 - 15h04Por Redação

Duas vezes por ano, no início do outono e da primavera, ocorre no mundo um fenômeno da natureza conhecido como equinócio, quando o dia e a noite têm a mesma duração. Quando o relógio da natureza marca o equinócio da primavera, todos os dias que seguirão terão um minuto a mais de sol do que o anterior. Inicia-se então, o ciclo de reprodução para muitos animais, assim como o crescimento das plantas, que alimentam os herbívoros e, por sua vez, servem de alimento para seus predadores.

Esses e diversos outros acontecimentos científicos são explicados em forma de crônicas na obra “O Equinócio dos Sabiás: Aventura científica no seu jardim tropical”. “Durante a produção das crônicas, procurei mostrar que existe uma comunidade ecológica extremamente complexa no quintal da casa do leitor, e que ele, o leitor, pode contemplar e entender a interação dos seres vivos que ali habitam, mesmo que seu quintal seja apenas um vaso encostado num canto qualquer da casa”, explica o autor da obra, Marcos Rodrigues.

O livro, produzido com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, em parceria com a Editora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é organizado em 41 crônicas que podem ser lidas separadamente e que, juntas, percorrem 12 meses, tratando de maneira simples as relações ecológicas entre as espécies de animais e plantas que ocorrem num jardim tropical qualquer.

Para o autor, a divulgação científica para o público geral é rara no Brasil e é preciso que os conhecimentos sobre a natureza cheguem a um número cada vez maior de pessoas. “O país precisa se desenvolver em todos os campos da vida, e não há desenvolvimento sem livros. Um país se faz com homens, mulheres e livros, já disse Monteiro Lobato. O Brasil ainda se encontra muito atrasado neste aspecto porque lemos pouco. No caso dos cientistas, precisamos devotar um tempo a passar nossas descobertas para a população de uma maneira mais interessante, menos técnica. Precisamos falar um pouco mais com o público leigo, que não tem uma noção clara que suas vidas estão permeadas e dependentes totalmente da ciência. Espero que meu livro chegue a essas pessoas”, ressalta.

“A natureza é uma só e o planeta é um só. As interações entre plantas e animais e o meio ambiente ocorrem em todo o planeta, sem restrições políticas ou geográficas. Um comportamento observado no remoto Alaska, de lobos caçando alces, pode ser observado no seu jardim, com o seu cão caçando lagartos. Quero fazer referências globais usando observações corriqueiras no seu e no meu jardim”, explicou Marcos Rodrigues. Um dos contos do autor sobre o tema, publicado em ((o))eco, pode ser lido aqui.

“Foi a total falta de livros sobre a natureza, escritos em português e de maneira leve e ao mesmo tempo informativa, que me levaram a escrevê-lo. Esse tema tem grande mercado na língua inglesa, onde jornalistas e cientistas escrevem para um público leigo”, revelou Marcos Rodrigues, que possui inspirações literárias como David Quammen, Richard Dawkins, Bernd Heinrich e Henry David Thoreau.

O autor é biólogo e professor de zoologia da Universidade Federal de Minas Gerais há 20 anos. Ele realiza pesquisa de campo sobre comportamento e ecologia das aves há 30 anos e já publicou cerca de 100 artigos científicos.

Fundação Grupo Boticário

A Fundação Grupo Boticário é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial.

A Fundação Grupo Boticário apoia ações de conservação da natureza em todo o Brasil, totalizando mais de 1.500 iniciativas apoiadas financeiramente. Protege 11 mil hectares de Mata Atlântica e Cerrado, por meio da criação e manutenção de duas reservas naturais. Atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e nas políticas públicas, além de contribuir para que a natureza sirva de inspiração ou seja parte da solução para diversos problemas da sociedade.

Também promove ações de mobilização, sensibilização e comunicação inovadoras, que aproximam a natureza do cotidiano das pessoas.

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