quinta, 28 de março de 2024
FOTOGRAFIA

A primeira “caçada” do andarilho Araquém Alcântara

23 SET 2021 - 20h25Por SÍLVIO DE ANDRADE

Um dos mais renomados fotógrafos de natureza – e do povo, como diz -, Araquém Alcântara publicou esta semana no Instagram seu primeiro flagrante de uma animal que já lhe rendeu livros e prêmios: a onça-pintada.

“Impossível imaginar que naquele janeiro de 1980, na primeira viagem à Amazônia, daria de cara com uma onça-pintada e consagraria minha vida a documentar a natureza deste país”, escreve esse catarinense de Florianópolis, 70 anos.

Desde os anos de 1970 dedicando-se integralmente à documentação e à proteção da natureza brasileira, Araquém “faz poemas visuais e usa a fotografia como poderosa arma de conhecimento”, escreveu Rubens Fernandes Junior, crítico, professor e curador de fotografia.

Em sua vasta produção constam 57 livros sobre temas ambientais, dentre os quais o Pantanal; 22 livros em coautoria, 3 prêmios internacionais, 32 prêmios nacionais, 75 exposições individuais, além de inúmeros ensaios e reportagens para jornais e revistas nacionais e estrangeiras.

Araquém e Diego Cardoso (Bonito), durante expedição no Pantanal

Autor de Terra Brasil – o livro de fotografia mais vendido no país, com uma tiragem total de mais de 100 mil exemplares –, é o primeiro fotógrafo a documentar todos os parques nacionais do Brasil e a produzir uma edição especial de colaborador para a National Geographic Society.

O Caçador de Belezas

Ao lembrar de sua primeira “caçada”, Araquém Alcântara relata, no Instagram, que a história começa quando foi a Manaus fotografar uma revenda de pneus. Na piscina do hotel Tropical, numa noite de calor insuportável, entreouviu dois garçons conversando sobre uma onça que andava aparecendo próximo aos igarapés onde um deles morava, no município de Manacapuru.

Onça-pintada atravessando alagado no Pantanal, do livro "Onça-Pintada I" (série "Ensaio Pantanal"),lançado em 2019

 

Acompanhe seu relato:

"Cheguei junto e perguntei ao garçom, de nome Bernardino, se ele me levaria até lá. Aí começou a conspiração: o dia seguinte era o seu dia de folga e ele e se prontificou a percorrer os igarapés comigo. Foram cinco horas de barco pela vastidão do Solimões.

No primeiro dia nada de onça. No segundo dia, precisava voltar para fotografar uma festa que antecedia a inauguração da loja. Não voltei. Resolvi driblar a mente já abatida. Passamos a manhã toda circulando. Foi quando entramos no igarapé da Anta e eu a avistei, majestosa, brincando com um galho, no meio da água. Tremor da cabeça aos pés, respiração suspensa, o êxtase. Um momento de raro e indefinido prazer.

Voltei o mais rápido que pude para Manaus, revelei a foto, ampliei e mostrei para o meu chefe que ainda duvidava. Ele mostrou para alguns diretores estrangeiros da empresa e a foto foi vendida em dólar.

Com o dinheiro da minha primeira onça, comprei bolsa, colete, tripé, filtros, lentes e a primeira Nikon. Voltei pra São Paulo certo de que fotografaria muitas outras onças.

Voltei um caçador de belezas.”

Veja mais:
www.araquemalcantara.com

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