Celebrado em novembro, o mês nacional da Cultura e da Ciência adquire um significado especial e universalizado com a diversidade de manifestações fronteiriças nos laços entre o Brasil e o Paraguai. E uma das demonstrações mais eloquentes desta realidade está simbolizada pelos personagens, narrativas, alegorias, crenças, cores e revelações dos festejos do Toro Candil.
Com as “Mascaritas”, a “Pelota Tatá” e as “Promeseras”, a cineasta e produtora cultural Mara Silvestre idealizou e produziu os documentários e o Festival de Rua do “Toro Candil”, que terá em dezembro (dias 7 e 8) deste ano a sua quarta edição. Ela conseguiu alinhar no vídeo e na planície de vias públicas uma criativa série de registros, com espetáculos teatralizados de resgate da memória cultural de uma hospitaleira região fronteiriça.
Com os resultados desta paciente e minuciosa pesquisa, Mara oferece a Mato Grosso do Sul, com alcance nacional e além-fronteiras, um trabalho de fôlego. O conjunto da obra está roteirizado em sons, imagens, cores e místicas devocionais, nas atitudes de evocação folclórica, religiosa e festiva que revelam e identificam costumes e essências de brasileiros e paraguaios.
Realidades civilizatórias
As informações e documentos de época retratam um folguedo secular que saiu de terras espanholas e avançou pela América, até ser redimensionado na fronteira entre Brasil e Paraguai.
Realizar o Festival de Rua do Toro Candil em Porto Murtinho, lugar de raízes da família e ancoradouro de almas binacionais às margens do Rio Paraguai, é um dos projetos mais importantes da vida e da carreira de Mara Silvestre.
“Sou de Corumbá e de Porto Murtinho, cidades fronteiriças, nas quais o Rio Paraguai não é marco de separação, mas de união”, afirma. “A festa é uma soma de realidades civilizatórias assinaladas por culturas de excepcionais belezas e diversidades”, enfatiza.
É com este olhar que Mara escreve, e até restitui, a cultura mágica e instigante de um povo latino-americana que vai às ruas – ora em procissão, ora em diversão -, para difundir sentimentos, sonhos, verdades e fantasias. Impossível, então, domar as emoções de quem vive e assiste nas ruas ou no vídeo aos espetáculos do “Toro Candil”, das “Promeseras”, “Pelota Taá” e “Mascaritas”.
Fortalecer a cultura
Uma porção saborosa desta experiência única foi disponibilizada pela secretaria de Cultura de Campo Grande para visualização nos totens da Feira Central. A exibição é mais uma demonstração do largo reconhecimento que a ideia está alcançando. E estas imagens poderão ser apreciadas, vividas e sentidas inteiro, presencialmente, durante o 4º Festival de Rua do Toro Candil, de Porto Murtinho.
Idealizado e produzido por Mara Silvestre e sua Água Comunicação TV, o evento reúne um conjunto de valores agregados. Além de fortalecer a cultura latina e regional, estreitando mais os laços entre Brasil e Paraguai, o festival é um motivo irresistível para fomentar a economia, especialmente no âmbito do turismo e da economia criativa.
Elaborado para manifestações compartilhadas entre protagonistas e a população, o festival é totalmente materializado pela inventiva participação das comunidades locais. São os próprios moradores da região, sobretudo de Porto Murtinho e Ilha Margarita, os artistas encarregados da confecção das peças alegóricas utilizadas desde as procissões – com o apoteótico desfecho da chegada da Virgem de Caacupê, pelo Rio Paraguai – às brincadeiras de rua.
Num quase carnaval de cores, danças e divertidas competições, os atores e atrizes locais vestem-se a caráter, de acordo com os figurinos dos “Mascaritas” (que usam máscaras), das “Promeseras” (devotas da Virgem) e da “Pelota Tatá”, que consiste numa bola de fogo perseguida aos chutes pelos fiéis em busca de consagração.
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