domingo, 13 de outubro de 2024
TRÁFICO

200 filhotes de papagaio lutam pela sobrevivência

19 SET 2017 - 11h47Por João Prestes/Semagro

Retirados da segurança de seus ninhos por traficantes de animais silvestres após dias de vida, duas centenas de filhotes de papagaio se agarram à chance que lhes resta de sobreviver e, quem sabe, um dia voltarem a voar livres na natureza. São filhotes com tamanhos diferentes, alguns nem os olhos abriram ainda, o que torna ainda mais brutal o crime do qual foram vítimas.

Totalmente dependentes da boa vontade e do profissionalismo dos técnicos do CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande, eles recebem alimentos no bico, calor e cuidado, e vão crescendo e cada dia de vida é uma vitória a ser comemorada. Nem todos sobreviverão.

A primavera é a época em que acontece maior volume de apreensões de filhotes, a maioria nos municípios que fazem divisa com São Paulo e Paraná. A Polícia Militar Ambiental (PMA) iniciou operação especial para combater o tráfico com barreiras em várias regiões do Bolsão e Conesul.

 A coordenadora do CRAS, bióloga Nara Pontes, pede que as pessoas denunciem e ajudem a combater o tráfico de animais silvestres, diretamente na PMA, em Campo Grande, pelo telefone 3357.1500 ou pelo 190, do Centro Integrado de Operações de Segurança (CIOPS).

Mãe adotiva

A primeira remessa com 32 filhotes chegou ao CRAS no dia 6 de setembro. Foram resgatados por policiais militares ambientais em Novo Horizonte do Sul. Estavam amontoados em uma caixa na garupa de uma motocicleta. A traficante, uma jovem de 18 anos, foi multada e vai responder por crime ambiental.

No último dia 16, sábado, chegaram mais 175 filhotes, resgatados durante barreira da PMA em Bataguassu. Os traficantes levavam os filhotes em caixas dentro de um Corsa. Quando viram a barreira da polícia, retornaram e fugiram, abandonando os pássaros no mato. Um chegou sem vida ao CRAS, outros muito feridos, com larvas; todos estressados e famintos.

Maria Igina Duarte Veiga, funcionária do CRAS, é o nome da “mãe adotiva” dos pequenos. Duas vezes ao dia ela alimenta cada um e providencia para que todos estejam bem aquecidos e limpos.

Acomodam-se em grupos de 15 a 20 em caixas plásticas. Na natureza, cada ninho tem, no máximo, quatro filhotes. Portanto, foram violados mais de 50 ninhos pelos traficantes só nessas duas apreensões.

Voo da liberdade

Se tudo der certo, daqui a nove meses ou no máximo um ano esses pássaros serão devolvidos à natureza, afirma a veterinária Cláudia Regina Macedo Coutinho. Passarão por várias etapas até aprenderem a voar e conquistarem as condições ideais para voltar à liberdade e em segurança. O CRAS – que é ligado ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) – tem um cadastro de áreas aptas a receber esses animais; quando chegar a hora os técnicos vão analisar cada caso e decidir pelo local ideal, de preferência longe da presença de humanos, para que os pássaros reaprendam logo a prover o próprio alimento e se acomodar na natureza.

Dezenas de papagaios e araras lotam os viveiros do CRAS no aguardo do dia em que poderão voar livres pelos céus, mas nem todos realizarão esse desejo.

Cláudia Coutinho explica que alguns chegaram ao centro com as penas das asas aparadas, ou mesmo com fraturas, ou então foram domesticados e perderam o instinto selvagem. Ficarão no CRAS indefinidamente ou serão levados a criadouros ou zoológicos, onde terão espaços mais adequados.

Mas o dia em que uma remessa toda encontra a liberdade é especial tanto para os bichos como também para os técnicos do CRAS.

Leia Também

Relatos de viagem

Gabi viveu o deserto e o céu mais estrelado do mundo

Mais Relatos de Viagem

Megafone

A gente não pode ser o que as pessoas querem. Temos que ser o que queremos ser. O que somos

Ney Matogrosso, cantor

Vídeos

Lançamento do Plano Nacional do Turismo

Mais Vídeos

Eco Debate

DANTE FILHO

O vapor das ruas criou um dilema complicado para Campo Grande

MARCELO BERTONI

A importância da pecuária para garantir a sustentabilidade no Pantanal

MANOEL MARTINS DE ALMEIDA

Seu Ramão de Oliveira, um gigante pantaneiro