Catastrofistas querem vitória sobre Pantaneiros Atualistas no tapetão da COP 28!

20 NOV 2023 • Por ARMANDO ARRUDA LACERDA • 20h31

Se há um embate científico que permanece há séculos, ele se trava entre adeptos do Atualismo e do Catastrofismo.

Importante, portanto, irmos às definições da Publicação Científica chamada "Léxico de Estruturas Sedimentares e Termos Associados", do eminente Professor Doutor Carlos Henrique Nowatzki, para nivelarmos o significado desses termos. 

Atualismo (actualism, uniformitarism): É a corrente de pensamento que defende a ideia que os eventos hoje correntes na Terra são iguais aos que devem ter ocorrido no passado. Por essa razão, a observação do que hoje acontece no planeta (fenômenos naturais) é a explicação para entendermos a história terrestre passada.

Criada por R.A. von Hoff, foi defendida por James Huttone, mais tarde (1830), incorporada por Charles Lyell em seu livro "Princípios da Geologia", que a tornou celebre com a frase "o presente é a chave do passado". Lyell propôs ainda a designação de "Princípio do Uniformitarismo" no Lugar de Lei ou Princípio do Atualismo.

Contudo, este postulado aproxima-se da Realidade quando referido a ERA ATUAL (Cenozóico). Admite-se a possibilidade de que as condições ambientais fossem diversas das atuais em eras anteriores.

Catastrofismo (catastrophism): Teoria criada por Baron G. L. Cuvier (1769-1832), que postulava ter ocorrido, várias vezes no passado, catástrofes naturais que extinguiram a fauna e a flora, substituindo-os por uma nova população.

É a teoria adotada pelos seguidores do Arcebispo Usher, que afirmou ter sido o mundo criado no ano 4004 aC.

Quando vi ontem conhecido militante ideológico contrariar tudo que vivemos e aprendemos e tentar lacrar marotamente, ao negar, sem provas, a óbvia realidade que o modelo de reservas importado é prejudicial à sustentabilidade natural do Pantanal, contestadas inclusive nos países onde se originam, vi que viriam mais distorções em seguida.

Só pudemos suportar tanto tempo essas aberrações sobre a cultura pantaneira por aderirmos à navalha filosófica de Hanlon: "Nunca atribua à malicia o que pode ser explicado pela ignorância", isto não é uma resposta antes um desabafo diante da dificuldade de se expor a dura realidade do Pantanal confrontando com utopias das "áreas protegidas".

Se a deputada Camila Jara quisesse ouvir ou discutir com os pantaneiros, ela teria remarcado a Audiência em Corumbá e não usar como desculpa definitiva, aos que a esperaram pela tarde inteira, um corriqueiro atraso por furar o pneu do carro que a conduzia, em Miranda.

Ao se abrirem manchetes, descobrimos hoje que a mesma parlamentar chefiará a comitiva sul-mato-grossense no evento em Dubai, afirmando: "Pela primeira vez, Pantanal será tema na Cop 28 e poderá ter financiamento para danos após queimadas".

Após meses de luta desigual, conseguiu-se provar o papel deletério das reservas na sustentabilidade do Pantanal e demonstrar cabalmente quem são principais suspeitos pela destruição das Áreas de Preservação Permanente (APPs) dos Rios Paraguai e seus Afluentes, como o Rio Negro, agora vemos que os possíveis culpados articulam manipular ressarcimento de danos em nome dos pantaneiros e do Pantanal, impossível aplaudir tais pantominas.

Ainda há tempo da Deputada citada, as Bancadas Federal e Estadual e os Chefes das Comitivas dos Governos do MT e MS, pelo menos ouvirem os pantaneiros que renovam seu compromisso com o Atualismo, já que a beleza da sustentabilidade que ainda sobra no Pantanal pode ser também creditada à frase: "o presente é a chave do passado".

Se optarem pelo radicalismo do Catastrofismo e seguirem ignorando o Pantanal, retiraremos a explicação que o fazem por desconhecimento e todos serão carimbados que assim agem por má fé e malícia. 

O Pantanal, mais uma, vez expõe humildemente sua escolha, que cada um referende democraticamente a sua e todos assumam as consequências.

*Pantaneiro atualista