A relação do homem com a onça-pintada, sempre foi uma relação de fuga e medo da onça em relação ao homem, uma vez que o enxergava como um predador, pois os índios já promoviam sua caça, como ritual passagem de jovem para adulto, como alimentação e para defender seus lares das que aproximavam muito das aldeias, e assim, seguiu até que os defensores radicais tornaram a onça um animal sagrado.
Acidentes com onça aconteciam, na maioria das vezes, quando sob forte ameaça de morte partia para o confronto como última opção. Ver uma onça-pintada na natureza era um fato raro, pois ela possui grande audição, olfato e visão, que, somados, mostravam a presença humana. A onça fugia, pois sabia que o ser humano era um predador. Hoje, após o endeusamento da onça como animal intocável, pior ainda, muitos alimentam esses animais para explorar financeiramente sua imagem. Ela perdeu o medo do bicho
homem.
Então vejamos, os animais aprendem com seus ancestrais quem temer, quem enfrentar e quem caçar. Após várias gerações sem embates, as onças estão transmitindo aos seus filhotes que o homem não oferece riscos, e algumas começam a enxergar o bicho homem como um prato apetitoso. Esse novo olhar tende a se espalhar cada vez mais, os ataques de felinos aos seres humanos estão fadados a serem cada vez mais constantes. E não pensem que isso se resume ao setor rural. Exatamente pela falta de temor, a onça se aproxima cada vez mais das cidades e também a população urbana, da periferia, está sujeita a esses ataques.
A solução seria exterminar as onças? Claro que não, todo exagero é perigoso e danoso, mas não podemos aceitar que pessoas sejam devoradas vivas e defensores cegos venham a público considerar normal. “A onça está no lugar dela...” Ora, em Copacabana não era lugar das onças, na Avenida Paulista não tinham onças, todo lugar era lugar de onças. O que precisamos é executar um controle sobre onças que entram nos pátios das fazendas, sítios, chácaras e assentamentos; de onças que vivem às margens da cidade e casos semelhantes.
A onça é um predador e o ser humano desarmado e despreparado é uma presa fácil. Quantas mortes mais como a do Sr Jorge, do jovem Alan Lara e outros terão que acontecer para que as autoridades e os ecologistas entendam que onças precisam ter um controle populacional e exemplares que atacam seres humanos ou ameaçam sua vida precisam ser eliminados ou capturados, como é feito em todo o planeta.
Será que consideram vidas humanas dispensáveis e a vida de uma onça-pintada indispensável, será mesmo que chegamos a esse ponto?
(*) Engenheiro agrônomo, produtor rural
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