quinta, 13 de fevereiro de 2025
ARTIGO

O vapor das ruas criou um dilema complicado para Campo Grande

11 OUT 2024 - 11h24Por DANTE FILHO

É costume dizer: o voto no primeiro turno é o do coração; no segundo, é o da razão. 

O eleitorado de Campo Grande nos coloca no seguinte dilema: escolher entre a pior e a menos pior. 

O pragmatismo político exige que coloquemos uma série de elementos novos no tabuleiro do que simplesmente as qualidades e os defeitos individuais das duas candidatas, Rose Modesto e Adriane Lopes.

Claro que ambas carregam os votos no primeiro turno como ativos pétreos. 

No caso, a atual prefeita saiu na frente, coisa de pouco mais de 10 mil votos. Mas Rose ainda tem chance.

Só que existem vários problemas para as duas candidatas resolverem no curto prazo de campanha. 

Saber para onde vão os votos de Beto Pereira (coisa de 115 mil votos) é um deles.

Previsivelmente  vão 
para Adriane Lopes, visto que o governador Eduardo Riedel foi mais do que enfático que vai apoiá-la neste segundo turno, considerando ainda que o tucanato está magoado com a Morena.

Riedel tem razões para essa decisão. Primeiro, dar um voto de agradecimento pelo fato de Adriane tê-lo apoiado no segundo turno da eleição para o Governo do Estado em 2022, uma atitude diferente de Rose que, em reunião privada olho no olho, prometeu fazer o mesmo, mas no dia seguinte chamou a imprensa e anunciou que caminharia ao lado do Capitão Contar.

Traição desnecessária.

Ali Falsiane perdeu qualquer rastilho de confiança do governador, porque demonstrou, na prática, que sua palavra tem o mesmo valor de uma nota de R$ 3,00.

Na base do governador, o deputado estadual Pedro Pedrossian Neto anunciou apoio a Rose. 

Ele também tem razões pessoais para fazê-lo, pois Adriane, na transição administrativa entre as gestões Marquinhos/Adriane, quis triturá-lo de forma imperdoável.

Enfim, razões de foro íntimo definem as escolhas de cada um, pois colocando as duas candidaturas lado a lado veremos uma campanha da suja falando da mal lavada.

Tanto Rose como Adriane tem problemas seríssimos de caráter, de formação democrática, de administração de recursos públicos, de confusão mental sobre religiosidade etc etc. Se alguém levantar a bandeira da ficha limpa verá o nariz crescer como naquela história de Gepetto e Pinóquio.

Desconfio que será fundamental neste segundo turno ficar atento às abstenções, votos nulos e brancos. A baixa representatividade pode marcar indelevelmente a gestão política da futura prefeita da cidade. 

Dependendo das circunstância ela já nasce como pato manco.

No primeiro turno, dos 646,1 mil eleitores, tivemos uma abstenção de 164.799 (25%, acima da média nacional), número superior aos 140,9 mil votos obtidos pela candidata mais votada (Adriane Lopes).

Somando nulos e brancos temos 36,4 mil votos. Ou seja: o colégio eleitoral de Campo Grande tem um buraco de mais de 30% de eleitores que não gostam das duas. 

Se estes números aumentarem no segundo turno, conforme a tendência, seja quem ganhar a prefeitura terá que conviver com uma representação pífia, o que não ajuda no empuxo político para dar um caráter transformador na gestão.

Acredito que o eleitor(a) deve buscar mais informação sobre os entornos das duas candidatas. 

Quem tem a melhor equipe, o mais eficiente grupo de técnicos, a base política na Câmara mais sólida, sem contar a disposição para enxugar a máquina, combater a corrupção e garantir a melhor zeladoria da cidade.

A marquetagem das campanhas não ajudarão a resolver estes problemas. 

A tendência das duas candidatas é a de vender ilusões. 

Ambas flertam com a picaretagem e com uma visão medieval de mundo.

Juro que o meu sentimento não é escolher nem uma nem outra; prefiro pular no abismo. 

Mas reconheço que Adriane está melhor amparada do que Rose, mesmo porque seu período como vice e prefeita deu-lhe experiência e capacidade de compreender melhor os problemas da cidade.

Mesmo assim, o dilema pessoal é gigantesco.

(*) Jornalista e escritor sul-mato-grossense, atuando na imprensa do Estado há mais de 40 anos.

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