sexta, 19 de abril de 2024

Maior reserva de Cerrado de São Paulo passa por queimada...

26 MAI 2022 - 09h46Por ARMANDO ARRUDA LACERDA

Verdadeiro milagre a divulgação por órgão de mídia, de uma primeira notícia verdadeira sobre queimada anti-Incêndio.

Saudamos esta inovadora "True News", finalmente, diferenciando a benéfica queimada do trágico incêndio, aquilo que qualquer população rural conhece, e que aqui no Pantanal chamamos de Fogo Amigo, onde até o sereno ajuda a acalmar o fogo.

Descobriram o óbvio, que a chamada "Janela do Fogo" ocorre com a combinação de baixa temperatura, boa humidade e pouco vento!

Sabemos sobre o fogo inimigo chamado de 30-30-30, ou seja, 30° de temperatura, humidade abaixo de 3O%, vento de 30 quilômetros hora, que nessas condições, qualquer ignição trará Incêndio.

Não está afirmado, mas coerente com o dogma urbano que quer ampliação de Reservas, transferindo sua realidade das poucas áreas verdes disponíveis nos centros povoados para as áreas rurais, bastaria transformá-las em Reservas, com a retirada das atividades humanas, e principalmente o gado, que as boas intenções no papel, combaterão o acúmulo de massa vegetal.

Como no Pantanal, onde junto com tais boas intenções chega a tal massa vegetal acumulada, que em caso de enchente vira dequada e, de seca, vira incêndio, tais propostas não fazem nenhum sentido.

Estamos, mais uma vez demonstrando a lei não escrita do boi bombeiro: capim comido , ou principalmente, massa vegetal acumulada pisoteada, revolvida, incorporada não servirá como matéria prima de trágicos incêndios.

Interessante, que os mais ferrenhos negacionistas desse importante papel dos herbívoros domesticados, bovinos, equinos, asininos, ovinos, caprinos e até assevalvajados suínos, e também do democrático Código Florestal Brasileiro, agora querem ser os primeiros a usufruirbenefícios, com o que chamavam de anistia aos devastadores...

O tal código trouxe instrumentos viáveis como o CAR, onde voluntariamente se confessa eventuais débitos ambientais declarando-os no CAR - Cadastro Ambiental Rural, que imediatamente gerariam o PRA - Programa de Regularização Ambiental, alugando ou comprando áreas que tivessem Créditos no seu CAR.

Como dizia o deputado Aldo Rebelo, tudo declaratório e somente auditável pelo Poder Público, em caso de dúvida, na hora da homologação.

Na Audiência Pública do Código Florestal em Corumbá MS, quando pareceu que tudo poderia ser considerado uma imensa APP, nos períodos de grande cheias, houve a mais lisonjeira das esperanças para os afogados pantaneiros.

No entendimento de técnicos da Embrapa Pantanal, prevaleceu a visão acadêmica histórica de que a região era uma paisagem tão complexa que poderia ser cognominado o Bioma dos Biomas.

Assim, a conservação do Pantanal, continuaria a ser tarefa exclusiva dos moradores pantaneiros pois além de ser o paraíso dos herbívoros em suas pastagens naturais, poderia compensar o Brasil inteiro, por ter inserções de quase todos os outros Biomas Brasileiros.

Depois da gritaria insana, os que antes faziam do meio ambiente um lucrativo cartório próprio em Reservas, entraram como um estouro da boiada, ansiosos por transformar esse instrumento de Regularização Voluntária em mais um lucrativo oligopólio de vender boas intenções, com o bônus suplementar de, a par de atingir os malvistos proprietários rurais, no âmago do ato declaratório voluntário, buscarem a ser os únicos e virtuosos intermediários entre um mundo de devedores, como credores ambientais em suas novas e antigas "Reservas" no Pantanal...

O Pantanal é, objetivamente, uma área rural consolidada, o que o próprio CAR tornaria transparente, apta a Compensar Débitos de Reserva Legal ou quaisquer outros, nacionalmente.

Com o advento do Mercado Internacional das Compensações de Carbono, logo começou a movimentação de "investidores" comprando imensas áreas desvalorizadas ou desvalorizáveis manipulando draconianas leis fiscais, como a do ITR e principalmente, por campanhas de mentiras, chegando a criminalizar pantaneiros inocentes como bárbaros incendiários, queimadores da fauna e indefesos animais.

Quem comprou para produzir no Pantanal, seja bem-vindo com seus aportes de Capital e tecnologias para  que ,agora, junto com os antigos tradicionais que conservaram voluntariamente, suas pastagens e vegetações nativas, busquem a possibilidade de serem recompensados pelos instrumentos de Compensação Nacionais e agora, Internacionais.

Amargamos quarenta anos de enchentes que nos "quebraram” economicamente e, nessas circunstâncias, ouso sugerir que se deixarem todos os instrumentos de compensação pelo mercado, poderem funcionar sem essa interferência dos pseudo ambientalistas , mais uma vez o Pantanal poderá deslumbrar o mundo, produzindo a mais sustentável das carnes, oriunda da massa vegetal que não virou incêndio! 

Compartilho o link da matéria de mídia citada no título: 

https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2022/05/25/maior-reserva-de-cerrado-
de-sp-passa-por-queima-controlada-em-luis-antonio-entenda.ghtml

Ao aforismo "o Pantanal não impõe, só expõe", soma-se àquele outro que reza que quando pintamos bem nossa aldeia, somos Universais!

* Pantaneiro do Porto São Pedro, Corumbá (MS)

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