No silêncio da madrugada, o primeiro canto de um galo é a senha que anuncia um novo dia em terras pantaneiras. É o primeiro acorde do grande concerto que se segue com a participação de arancuãs, tordinhos , bem-te-vis e curicacas.
No cerrado, os bugios se procuram para um namoro escandaloso e nas ranchadas um pequeno clarão diz que o velho pantaneiro, em ritual secular, afasta as cinzas que cobrem o tição de seboso, abana com seu chapéu e o fogo que esquenta a água do chimarrão e o espírito da nossa gente ilumina a madrugada.
O fogo que não se apaga, mais uma vez renovado, nos fala que a vida segue seu curso e que nos cabe lutar para fazê-la digna e proveitosa.
O Sindicato Rural de Corumbá, mais que um órgão de classe, tem se mostrado à altura da sua importância, é a Mãe de Fogo que não se apaga; que em permanente vigília, nas noites das dificuldades, nos agrega e nos protege. Assim tem sido desde a sua forma embrionária como Associação dos Criadores da Nhecolândia e, posteriormente, de todo o município.
Ontem, dia 4 de dezembro de 2024, o pantaneiro Gilson Araújo de Barros, após brilhante gestão, abana o tição da Mãe de Fogo para fazer a troca de guarda.
Ao redor do fogo a companheirada rodou a cuia em sinal de aprovação. Caberá ao jovem pantaneiro Stéfano Santa Lucci Rettore cuidar para que a brasa não esfrie e que o ardente fogo pantaneiro não se apague.
(*) Pantaneiro, Fazenda São Camilo, Paiaguás
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