O Presidente visitou o Pantanal, com ele uma comitiva de Ministros, todos devidamente aparamentados, jaquetas amarelas e muita pose de preocupação. Helicópteros, cerimônias, infindáveis tapinhas nas costas, um roteiro bem dirigido. A farsa hipócrita.
O Pantanal não é um parque. Noventa e sete por cento de suas terras são de propriedade privada. Lá vive, há quase três séculos, gente feliz e trabalhadora, produzindo carne de qualidade e preservando o meio ambiente. Essa gente não apareceu no script montado pela pomposa comitiva. Fomos solenemente ignorados, já estamos acostumados. Ficamos felizes em ver o voo do tuiuiú na televisão.
Tudo muito previsível e normal, a agressão maior foi o uso do chapéu pantaneiro. O finado Fura Chão usava seu palheiro quebrado de lado, chanfrado, Passo Triste floreava o velho chapéu com couro de canela de cotia, João Caititu quebrava ele na testa tipo apaga lamparina. Cada estilo mostra uma personalidade. No Pantanal a moda segue seu curso, o paiero fica.
O chapéu do Lula não era pantaneiro, foi delicadamente presenteado pela banqueira Tereza Bracher, tem na testa o logotipo do IHP, sua ONG com sede em Corumbá. A falta de estilo e identidade pantaneira é evidente, uma indumentária fora de lugar, o bode na sala!
Os pantaneiros vão seguir o trabalho silencioso e terrível de combate ao fogo, junto com os valorosos amigos brigadistas. Aviões e ações do poder público são bem vindos, essenciais, o teatro barato e o chapéu da Faria Lima são desnecessários.
(*) Pantaneiro
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