Novo pantaneiro: Em primeiro lugar, não existe um Novo Pantaneiro, assim como não existe um novo gaúcho ou um novo dinamarquês. Ser pantaneiro é fácil, pois ele foi o que pretendeu ser, é aquilo que gosta de ser e será quem se propõe a ser ao longo de sua história. Nada mais sem sentido e “cafona” a denominação de “pantaneiro raiz". Em todo grupo humano existe um começo e uma transformação natural. Os pantaneiros antigos foram raízes, mas se houvessem sobrevivido ao tempo, seriam os pantaneiros de hoje, com as ideias e os anseios destes tempos. Em verdade, somos hoje esses pantaneiros transformados pelo Tempo.
Ficar atentos: Em segundo lugar, devemos sim ficar atentos, mas, ao contrário do que propõe o texto, com pessoas que aqui chegam e pretendem nos impor regras de convivência com a natureza.
O Legado: Seriam cegos por não entenderem o nosso legado e a nossa competência para levá-lo adiante? Não, mas caolhos que espiam enviesados e simulam um olhar honesto para com a nossa gente.
Os limites: Para bem conviver com a natureza nós conhecemos, e sobre isso damos lição ao mundo. Os limites se enquadram em seus tempos. O limite do passado não é o mesmo de hoje. Conhecer esses limites no decorrer do tempo talvez seja o DNA do pantaneiro e a exigência para quem chega.
O equilíbrio: Determinação, resiliência e coragem sempre tivemos para que aqui chegássemos. O equilíbrio será sempre a nosso juízo.
Sábios: Sábios sim, respeitadores dos limites e do equilíbrio, porém desejosos do desenvolvimento e da inclusão econômica e social da planície nos contextos estadual e nacional.
Abílio: Abílio Leite de Barros, citado, sábio pantaneiro, foi pioneiro na utilização de máquinas em suas propriedades, transformando-as em fazendas produtivas através da formação de pastagens. Só por isso demonstrou sobejamente a sua “inteligência e jeito manhoso de ver o mundo...” Filho de pioneiros, criou riqueza sim, riqueza honesta, fruto do trinômio que um certo dia mencionou: paciência, trabalho e economia.
Especulação: Queira o autor admitir ou não (talvez não possa), o Pantanal já é área de especulação de terra, e, portanto, lugar para se fazer riqueza. Diga o autor o que fazem os milionários que compram terra na planície. São tolos que estão aqui perdendo dinheiro?
Os diques: O argumento trazido ao texto sobre a fazenda São João, no Mato Grosso, é ridículo e malicioso. Os pantaneiros condenaram aquela iniciativa que à época encantou o presidente João Figueiredo, tendo sido derrotados por forças econômicas superiores. Hoje, parece-nos que os Camargo-Corrêa são outros e os diques são os posicionamentos como estes colocados no artigo.
Onças: Quanto a matar onças cuja população explodiu no Pantanal, causando sérios prejuízos à pecuária, ainda chegará o dia em que este país saberá explorar economicamente a sua fauna, mantendo um equilíbrio populacional dos felinos e da própria cadeia alimentar no Pantanal , como de resto fazem todos os países desenvolvidos neste planeta. Quem sabe o que se busca com o nosso radicalismo neste assunto não seria o futuro desfrute pelos grupos que hoje defendem a proibição à caça e, ao mesmo tempo, adquirem enormes glebas, formando verdadeiras capitanias dentro do Pantanal.
Atrevimento: Por fim, parafraseando o mesmo autor, o Pantanal historicamente recebeu a todos com respeito e alegria, especialmente aqueles que não impuseram sua força e atrevimento.
(*) Pantaneiro atemporal
Nota da Redação: o texto acima se refere ao artigo "O Novo Pantaneiro", de autoria do coronel Ângelo Rabelo, publicado na edição de 11/7 no jornal Correio do Estado. Leia aqui
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