quinta, 28 de março de 2024

A computação na nuvem e o meio ambiente

19 MAI 2021 - 16h01Por VIVALDO JOSÉ BRETERNITZ

Ao que parece, as empresas de tecnologia estão se movimentando para que suas atividades tragam um menor impacto ao meio ambiente,

Esses movimentos são observados principalmente no sentido de diminuir o lançamento de carbono na atmosfera, através da utilização de equipamentos que consumam menos energia e que sejam fabricados com maior utilização de materiais recicláveis.

Também se trabalha na melhoria dos sistemas de refrigeração de data centers, no aumento da utilização de energias renováveis e no correto descarte de materiais inservíveis. As empresas estão buscando tratar a água que utilizam e até mesmo tomando medidas indiretas, como reflorestamento de áreas degradadas.

Em paralelo a esses movimentos, vem se observando um grande crescimento da computação em nuvem, ou seja, empresas estão passando parte, ou até mesmo todos os seus serviços de armazenagem e processamento de dados para grandes data centers, de empresas especializadas na prestação desses serviços. Nessa situação, as empresas diminuem ou até mesmo eliminam seus data centers próprios, buscando melhor desempenho de seus sistemas e diminuição de custos.

O crescimento desses grandes data centers preocupa os ambientalistas, especialmente pela possibilidade de aumento do consumo de eletricidade, não apenas para fazer as máquinas funcionarem, mas também para refrigerá-las; computadores geram muito calor e tem problemas para funcionar em ambientes aquecidos.

No entanto, de acordo com um estudo publicado pela revista Science, isso não vem acontecendo, pois enquanto o uso da computação em nuvem aumentou 600% entre 2010 e 2018, o consumo de energia aumentou apenas 6%, graças aos movimentos acima mencionados.

Não estão disponíveis dados acerca da redução de consumo em função dos serviços que deixaram de ser executados nos data centers das empresas em função de migração para a nuvem, mas é muito provável que isso tenha resultado em economia de energia e de outros recursos, inclusive mão de obra.

Os fornecedores de serviços de computação na nuvem usualmente são empresas de porte, que tem como finalidade prestar esse tipo de serviços. Por essa razão, preocupam-se em fazê-lo da maneira mais econômica possível, especialmente no que se refere ao consumo de energia elétrica; preocupações desse tipo normalmente não existem nos data centers das empresas de outros ramos.

Um exemplo nessa área é o Google, que hoje tem uma capacidade de computação sete vezes maior do que tinha em 2015, mas que segue consumindo a mesma quantidade de eletricidade.

De qualquer forma, a expectativa é que os serviços de nuvem sigam crescendo, com redução no consumo de energia e da emissão de gases.

Aos governos, cabe seguir o exemplo da União Europeia, que determinou aos países que a compõem providências para que uma situação de zero emissões seja atingida até 2050.

À sociedade como um todo, cabe vigiar para que as empresas tomem medidas efetivas na área e não apenas pratiquem o greenwashing, neologismo derivado das palavras green, verde, e whitewash, branquear ou encobrir. Esse é um termo utilizado para indicar o uso de técnicas de marketing e relações públicas para expressar uma falsa preocupação com o meio ambiente.

(*) Vivaldo José Breternitz, doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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