O Aquário do Pantanal não foi pensado para ser apenas um aquário, mas um complexo equipamento voltado à pesquisa científica, ferramenta de apoio ao ensino, palco de divulgação de saberes acadêmicos e de populações tradicionais, espaço de sociabilização e polo indutor de turismo ao estado do Mato Grosso do Sul além de inúmeros benefícios.
Em 2009 fui convidado pelo Programa Biota e pela Universidade Federal de MS (UFMS) a criar, junto com pesquisadores o Museu da Biodiversidade para ser antessala da visitação aos aquários.
A ideia original me cativou imediatamente, o programa previa uma aproximação entre a universidade com escolas dos níveis fundamental e médio, entre o conhecimento produzido pelos pesquisadores e cientistas com o público leigo. A ciência praticada no Mato Groso do Sul finalmente teria um espaço para divulgar seus avanços para a população e como consequência incentivar os jovens a prosseguirem os estudo ao nível superior.
O projeto do Museu da Biodiversidade foi conceituado para ser um mediador entre o conhecimento produzido nas universidades e centros de pesquisa com o publico. As narrativas contidas na exposição abordam a vida na Terra, do início ao presente, com momentos destinados a reflexão de quais os cenários plausíveis do futuro para as próximas gerações.
A construção da biodiversidade que está presente em nosso cotidiano foi evoluída em um processo que remonta bilhões de anos, assim começa a exposição com um grande painel interativo como metáfora para olhar o passado por uma grande janela do tempo.
Esta grande tela de projeção abraça uma mesa com uma maquete do Pantanal e sua borda realçando a paisagem e o homem que vive dentro da maior planície alagável do mundo.
O passeio prossegue por um túnel de imersão a biodiversidade, com imagens e sons que remetem de forma lúdica a diversidade de vida que fazemos parte.
Após percorrer o túnel, o visitante entra no grande salão da biodiversidade, onde serão mostrados os fundamentos da evolução e dos processos ecológicos. Entre outras atrações serão abordados os serviços que a natureza produz diariamente e que nos afeta diretamente como renovação do oxigênio, da água e a provisão de alimentos e recursos que são benéficos a espécie humana.
As populações tradicionais também serão representadas nas estações de multimídia, como contribuintes de saberes adquiridos através de gerações, inserindo-os no debate sobre a relação homem-Terra.
A visitação termina com um olhar de esperança apontando rumos que a sustentabilidade pode oferecer em uma relação mais amigável entre a economia e a natureza.
Desta forma, o museu contribui para ampliar a quantidade de informações sobre a paisagem, e que ela possa te falar também, te reinventando. Para tanto só alargando o conhecimento que se tem sobre o mundo e consequentemente sobre si mesmo.
O complexo do Aquário do Pantanal deverá colocar a cidade de Campo Grande em evidencia nas melhores publicações de mídia no nacional e internacional, com ganhos significativos para a economia de turismo.
Uma obra desta natureza parada é um desperdício, tem custos com falta de manutenção, implicam em deterioração além de deixar de faturar boa soma de recursos aos cofres públicos tão necessários a economia.
A falta de continuidade de projetos iniciados por uma gestão e paralisada pela outra ocorre com frequência no Brasil, infelizmente.
Nivaldo Vitorino, pesquisador, museólogo e arquiteto
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