quinta, 28 de março de 2024

“Sociedade tem direito a informação sobre a origem dos alimentos”

17 DEZ 2017 - 07h10Por DESIRÊE GALVÃO

É preciso criar ferramentas que facilitem o acesso à informação da origem dos alimentos pelo consumidor. É o que diz o Appio Tolentino, soperintendente da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

Ele visitou o Festival Origem  e conversou conosco sobre a conexão dos consumidores com o campo, a sustentabilidade na cadeia alimentar e a valorização dos produtores. A Suframa identifica e viabiliza negócios no setor industrial, comercial e agropecuário onde atua. Sua área de abrangência inclui os estados de Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima e Amapá.  

O Festival Origem foi realizado pelas revistas ÉPOCA, Globo Rural e Casa e Jardim, nos dias 1º, 2 e 3 de dezembro, em São Paulo. O evento reuniu produtores, chefs e consumidores interessados em alimentos bons para a saúde e para o planeta.

1. ÉPOCA – O que o senhor acha sobre a valorização do produtor?

Appio Tolentino – Para o alimento chegar à mesa do consumidor, de forma saudável e sustentável, esse processo depende em grande parte das práticas no campo. O produtor tem dois caminhos, ou ele segue pelo rumo do respeito ao meio ambiente ou pelo modelo convencional, com a presença de agrotóxicos e sem preocupação em manter a floresta em pé. Nesse sentido, quanto mais atenção, formação e tecnologia for oferecida ao homem do campo, maiores serão as chances de ele compreender e se adaptar aos processos sustentáveis que o planeta atualmente exige.

Appio Tolentino

2. ÉPOCA – E sobre o estreitamento da conexão dos consumidores com os produtores?

Tolentino – O ideal era que tivéssemos um produto rastreável. Ao comprar os alimentos, as pessoas saberiam como ele foi plantado, que tipo de fertilizante foi utilizado, se era natural ou não, se houve a utilização de agrotóxicos, entre diversas outras características. Isto garantiria um direito de escolha ao consumidor. Teríamos ciência exata da origem dos produtos. Essa rastreabilidade dos alimentos é positiva não só para a saúde, mas atende aos desejos do consumidor nos dias de hoje.

3. ÉPOCA – Quais ferramentas e de que forma os consumidores podem obter mais e melhores informações sobre as origens dos alimentos?

Tolentino – Esse caminho é longo. Ele está se desenvolvendo fortemente, mas há pouco tempo. Não vejo outra forma de garantir a segurança alimentar se não houver rastreabilidade. A sociedade tem o direito a informações sobre a origem dos alimentos que consome. Talvez por meio da criação de selos ou códigos de barra para todas as etapas de produção.

4. ÉPOCA – Quais são as formas de pressão que a sociedade deve exercer para termos um sistema de produção alimentar mais sustentável?

Tolentino  Nós vivemos num mundo de recursos escassos. O homem tira tudo do planeta e não repõe nada. Vai faltar. Em minha terra, a Região Amazônica onde a Suframa atua, trabalha-se intensamente com a pesca. Aos poucos, nós estamos começando a levar formação científica relevante a esse trabalho, como engenharia de pesca, agronomia e biologia para a produção. Os institutos de pesquisa, junto ao pessoal que oferece assistência aos agricultores, têm contribuido no desenvolvimento local da ideia de que a produção precisa se modernizar. Desenvolver uma produção de alimentos que seja mais resistente e sustentável. Por esse caminho, o da formação, nós vamos conseguir mudar a mentalidade do produtor.

5. ÉPOCA – Qual a importância de eventos como o Festival Origem?

Tolentino – Ele é, acima de tudo, uma forma de conscientização. Não adianta os órgãos públicos e as associações, entre outros atores, desenvolverem o trabalho que citei anteriormente, de formação, se isso não for assumido por todas as pessoas que fazem parte da cadeia de produção. O evento serve para isso, um grande difusor das ideias de sustentabilidade alimentar.

Entrevista publicada originalmente no Blog do Planeta/Época

Leia Também

Relatos de viagem

A decoada, o armau e história de pescador no Pantanal do Nabileque

Mais Relatos de Viagem

Megafone

Sou bom pescador, se vocês não sabem, eu já peguei, em Porto Murtinho (MS), um jaú de 47 kg. Peguei junto com o Zeca do PT, usando anzol sem garra

Presidente Lula, durante evento no Ministério da Pesca e Aquicultura

Vídeos

Esportes radicais: calendário de 2024

Mais Vídeos

Eco Debate

HEITOR RODRIGUES FREIRE

Feliz Ano Novo

ARMANDO ARRUDA LACERDA

Pantanal universal? Consultem a sabedoria local

LUIZ PLADEVALL

Cuidar da água para não faltar